59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)
O orgasmo metálico
Grita no aço da noite
A roda dentada tropeça entre o veio de transmissão
E o néon sibilado da maré
Sou feliz escrevo eu na espuma do mar
Grita no aço da noite
O petroleiro desnorteado
O orgasmo metálico ouve-se
Sou feliz escrevo eu na espuma do mar
Grita e grita e grita e não se cansa de gritar
A roda dentada
Que não cessa de girar
Sou feliz escrevo eu na espuma do mar
“És um parvalhão” sorri-me o petroleiro
Entre os orgasmos metálicos
E o púbis enfeitado do céu
Quando no aço da noite
Sinto as minhas mãos abraçadas a uma finíssima folha de papel
Escrevo
E escrevo
E escrevo Sou feliz na espuma do mar
Os orgasmos metálicos
Comem o mar
E o petroleiro adormece dentro de uma caixa de sapatos.