Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Nov 11

 

59,4x 84,1 (desenho de Francisco)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:51

 

59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

 

Sou um palhaço,

Dizia ele às linhas do papel,

Sou um homem vestido de palhaço

E vivo confortavelmente numa barraca junto ao rio,

Sou um palhaço,

Quando o espelho imprime o meu rosto encardido,

E eu vestido,

Dizia ele,

E eu vestido de palhaço,

Numa barraca junto ao rio,

Agachado na lareira da noite

A tremer de frio,

 

Sou um palhaço,

Dizia ele às linhas do papel,

Sou um homem vestido de palhaço…

Confortavelmente numa barraca junto ao rio,

 

Já fiz de tudo.

De palhaço a malabarista,

Domador escritor pintor almeida jornaleiro…

Até já fui carpinteiro,

Nunca fui paneleiro,

E um dia quero ser romancista,

 

E agora,

E agora sou palhaço,

Digo eu,

E vivo numa barraca junto ao rio,

 

Sou um palhaço,

Dizia ele às linhas do papel,

Sou um homem vestido de palhaço

E vivo confortavelmente numa barraca junto ao rio,

Eu, nada faço

Porque sou um palhaço,

E às vezes pego num pincel

E cato abelhas com cio…

 

Sou um palhaço,

Dizia ele às linhas do papel,

Sou um homem vestido de palhaço…

Confortavelmente numa barraca junto ao rio,

 

E quando vou na rua

Há sempre alguém que não se esquece de me recordar

Que eu sou um palhaço,

E a gritar e a gritar e a gritar…

- Vê por onde andas seu grande palhaço!

E eu caminho nos passeios

E eu tenho de me desviar dos candeeiros

Semeados no centro dos passeios,

 

Porque outro palhaço,

Digo eu,

Semeou candeeiros

No centro do passeio,

Eu, nada faço

Porque sou um palhaço,

Apenas vivo confortavelmente

Numa barraca junto ao rio.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:33

 

59,4x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:09

Lanço à terra

As palavras do poema

Um jardim de malmequeres

Vai alimentar-se

Das palavras do poema

E o poema

Deixa de ser poema

O poema é o húmus

Na garganta da terra…

À hora do jantar,

 

Cada sílaba

Um grão de fertilizante

Cada palavra

Que alimenta a semente

Saiu do poema…

E sobre o meu cadáver vão crescer malmequeres,

 

Alimentados por poemas

À hora do jantar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:10

Pingos de luz

Descem das nuvens de néon

E da manhã o relógio pendurado na sala

Com tosse

Engasgado na solidão deste sábado triste

Neste sábado amarrado aos pingos de luz

 

Uma flor embalsamada

E que de morte natural desapareceu na primavera

Entra-me pela janela

E ressuscita como um livro de poesia

Que arde cansativamente na fogueira da solidão

Pingos de luz

 

Pingos de luz

Descem das nuvens de néon

E pareço uma pedra atirada por uma criança

Contra as asas do mar

 

O mar engole-me

E desço das nuvens de néon

E desço transformado em pingos de luz

E desapareço nas lágrimas da flor ressuscitada…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:44

 

59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:25

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