Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Nov 11

 

59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:26

Amar-te-ei depois de eu morrer?

Pergunto-me,

Pergunto-me antes de adormecer…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:44

 

59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:43

Sei que alguém me espera

Numa esquina de rua

Ou num poço dentro de um rio

Sei porque o sinto

Quando caminho nas planícies adormecidas

E o meu corpo cola-se aos muros de vedação

Que separam a luz da noite

E os tiros de solidão rompem o céu recheado de estrelas

 

E fios de algodão

Caiem sobre os meus ombros

E prendem-me os braços à neblina

Numa esquina de rua

Alguém me espera

Para me levar até à constelação mais distante

Onde os livros são proibidos

E as palavras meras sementes de girassol…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:25

A bicha bolorenta da tarde

Passeia sobre os nardos da noite

Debaixo do braço um livro de poesia

A noite come todos os poemas

E a poesia morre na garganta do desejo

Evaporo-me

 

Transformo-me no livro de poesia

Páginas e páginas e páginas em branco

Poemas ocos

Palavras cansadas de caminhar na relva

Onde o corpo da bicha bolarenta dorme

E sonha

 

Evaporo-me

Dentro do desejo da garganta

E os poemas ocos comem-me

Evaporo-me

A noite come os poemas

E os poemas comem-me…

 

Saboreiam-me nas sílabas

E o sumo das minhas palavras

Alimentam a bicha bolorenta da tarde

Percebo que não sou nada

Não trabalho

E sou feliz dentro da bicha bolorenta da tarde…

 

Um livro de poemas vazio

Meia dúzia de telas encarnadas

Penduradas na janela virada para o invisível

E as escadas descem

E o meu corpo feliz dentro da bicha bolorenta da tarde

 

Evapora-se.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:17

Do espelho do guarda fato

As folhas dos plátanos que se despendem da vida

Uma sombra de silêncio atravessa-me e corta-me em pedacinhos

E fico sem perceber o que quer de mim a manhã…

Do espelho apenas as lágrimas

Um fio de luz que entra pela janela do mar

 

No espelho os pedacinhos de mim

Que voam entre a parede e o soalho

Do espelho vejo-me agachado dentro do rio

A semear sorrisos nos socalcos

E as flores do meu quintal

Que brincam nas nuvens da manhã

 

Não chove

E o sol desapareceu antes de acordar

O rio leva-me para longe

E na minha mão uma folha de plátano

E da minha mão

O espelho do guarda fato escondido nos meus olhos

 

A manhã de outono

Simples quando adormece nas candeias da cidade

No chão das ruas abrem-se fendas

E no céu os poemas escrevem-se como gotinhas de água…

Que quando cair a noite

Vão poisar sobre os pedacinhos do meu corpo

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:05

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