Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Nov 11

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:24

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

Vejo-te prisioneira nas teias de aranha da noite

No teu rosto pingos de chuva se desprendem

E eu

Eu

Vejo-te prisioneira

Nas teias de aranha da noite

 

E não sou capaz de descruzar os braços

Pegar em ti

E levar-te para as nuvens onde vivo

E eu

Eu

Um covarde

 

Um covarde que não é capaz de descruzar os braços

E pegar em ti

E limpar-te os pingos de chuva…

Que se desprendem do teu rosto

Vejo-te prisioneira nas tei… de aranh.. noite

E tenho medo de tocar-te

 

E tenho medo que ao tocar-te

Desapareças entre as teias de aranha da noite

E o teu corpo se transforme em pedacinhos de algodão

E mel

Vejo-te

E não te toco porque sou covarde

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:43

Conseguirás imaginar-me sentado junto ao rio

Ancorado a um pedaço de xisto

A fingir que sou feliz

A fingir

Adormecido entre a clareira dos socalcos

 

E as conversas anónimas

Desisto

Hesito

E ao de leve faço desenhos na água

Que a maré engolirá quando chegar a noite

E desaparecem como desapareceram os meus sonhos

 

O que são os meus sonhos?

Desenhos construídos sobre a água de um rio

Pintados com pedacinhos de lágrimas

Hesito

Desisto

De fazer desenhos na água do rio

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:31

06
Nov 11

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

A prostituição intelectual

E que rasteja entre a noite e o aço da maré

Finge não ver as nuvens

E diz ele que o mar é uma mentira

Nunca houve mar

E que o dia não é dia

 

É uma bicha perfumada no tesão das estrelas

Prostituem-se intelectualmente a troco de um emprego

A troco de nada

Bafiento na língua da lua

Nasce o dia na algibeira do mendigo

E chora sob as mandibulas do orgasmo

 

Caminha

Diz ele que o dia não é dia

E que o mar

Uma mentira

O negro deixou de ser negro

E diz ele que o encarnado é o amarelo do sol

 

A prostituição intelectual

E que rasteja entre a noite e o aço da maré

Finge não ver as nuvens

Finge não ver nada

E finge e finge e finge…

E sente-se feliz entre os homens

 

Bafiento na língua da lua

Nasce o dia na algibeira do mendigo

E chora sob as mandibulas do orgasmo

O prostituto intelectual sorri

E a cada dia que acorda

Uma sombra cresce-lhe na testa…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:56

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:55

Estou só

Dizia-me ele

Estou só no centro da esfera

Onde habito preso a um dicionário

Estou só e só vou atravessar estas paredes de luz

 

Estou só

Dizia-me ele

Estou só e começo a ficar deprimido

Com a publicidade ao natal

Nunca gostei do natal

Nunca

 

Pessoas que passam por mim 364 dias

E escondem o rosto em direção ao pavimento da noite

Estou só

Dizia-me ele

E um dia por ano

Com voz de parvalhões – Feliz Natal Francisco –

 

E passam por mim 364 dias por ano

E nada

Tratam-me como se eu fosse lixo

Restos de comida deixados ao abandono no contentor da vida

- Feliz Natal e Bom Ano Francisco –

Não quero saber do natal

 

Estou só

Dizia-me ele

E o correio eletrónico com as mensagens aparvalhadas

Bolinhas saltitantes

E Renas com azia

Olho para aquela merda… e lembro-me das noites no TEXAS em Cais de Sodré

 

Putas dançantes

E luzes suspensas no céu da noite

E pergunto-me

É isto o Natal?

Restos de comida deixados ao abandono no contentor da vida

- Feliz Natal e Bom Ano Francisco –

 

E só

Ouvia-lhe durante a noite

Estou só

Dizia-me ele

Estou só e só vou atravessar estas paredes de luz

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:07

Desisto

Cruzo os braços

E olho as mangueiras do quintal de Luanda

Desisto

E fecho os olhos

Hesito

 

E sinto dentro do meu corpo

A manhã degolada pelas mãos da solidão

Hesito

Fecho os olhos

Desisto

Da noite que vai acordar

 

Desisto

De acreditar que amanhã é outro dia

Hesito

E apenas a um palmo do precipício…

Hesito

Desisto

 

Da noite que vai acordar

Dos pássaros que comem o meu corpo pela madrugada

Hesito

Fecho os olhos

E uma gaivota carnívora

Come-me e sorri come-me e sorri come-me e sorri…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:24

Falo-te e não me ouves

Oiço-te

E desapareces entre os cortinados da noite

Falo-te

E oiço-te

E vejo as correntes de aço

 

Enroladas ao meu pescoço

Cessa-se a minha respiração

E todos os meus sonhos

Todos

Ardem na lareira da solidão…

E o meu corpo acorda em montículos de lixo

 

Falo-te e não me ouves

Oiço-te

E desapareces entre os cortinados da noite

E deixo de ser homem

E do meu corpo em cinza

Acorda um malmequer pintado de encarnado

 

Cessa-se-me a respiração

E deixo de ser homem

E renasço no meio do campo…

Sou um espantalho

Que os pássaros não têm medo

E eu tenho medo do meu corpo em cinza

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:56
tags: , ,

05
Nov 11

Imagino-te sentada

Nas ombreiras da tarde

Aproximo-me

E não tenho coragem de te tocar

Hesito

E escondo-me entre as palavras da minha lápide

 

E as palavras que se agarram ao meu corpo

Enquanto durmo

Imagino-te sentada

Aproximo-me

E o néon da minha voz voa

Na noite

 

E o néon da minha voz

Voa

Na noite

Aproximo-me e não te toco

E nas tuas mãos

Hesito

 

Imagino-te sentada

Nas ombreiras da noite

Imagino-te

Imagino-te

E tenho medo de te tocar…

E não tenho coragem de te beijar

 

Imagino-te

Nas ombreiras da noite

Sentada

Imagino

E imagino

E o teu corpo desaparece em pedacinhos

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:22

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:00

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