As RATAZANAS proíbem-me de TRABALHAR, acorrentam-me os braços e as pernas, mas esqueceram-se do mais importante; cortarem-me a cabeça…
E eu não quero ser artista, e eu não quero ser escritor e eu não quero ser poeta, só quero TRABALHAR e pagar impostos.
Desenhos de Luís Fontinha e música de Wordsong. Wordsong é um projeto multimédia de Pedro d´Orey (Mler If Dada), Alexandre Cortez (Rádio Macau), Nuno Grácio e Filipe Valentim (Rádio Macau).
(com um mês de idade precisei de uma transfusão de sangue e graças a um dador(a) Africano(a) consegui sobreviver; dedico-lhe este poema)
Há um rio africano
Que corre no meu corpo
Há sangue africano
Que caminha
E sonha
No meu corpo…
Há um rio africano
Deitado na minha cama
Entre o capim
E o mar de Luanda…
Há um rio africano
Que me devolveu a vida
E me chama.
Sento-me na escada da insónia
E poiso a cabeça na almofada da solidão
Sobre mim os suspiros do jasmim
Que cambaleiam entre a noite e o sonho
Sento-me e poiso a cabeça
E na escada da insónia um sorriso agarrado ao corrimão
Um pequeno sorriso de gaivota
Com dentes de marfim
E gravata às bolinhas…
E a escada começa a subir
E o meu corpo a minguar
Nos suspiros do jasmim.
Lamento desiludir os meus amigos
(se tenho amigos)
Mas detesto o natal
Odeio luzinhas suspensas em pinheiros
E não quero presentes
Nem ver o meu focinho
Pendurado numa árvore virtual…
E por favor
Não me enviem mensagens
A desejarem-me um bom ano
Quando tenho a certeza
Absoluta
Que vai ser outro ano de merda
Lamento desiludir os meus amigos
(se tenho amigos)
Mas detesto o natal
E não gosto dos três Efes…
Fado
Fátima
E Futebol
E neste natal
Esqueçam por alguns dias
Que eu existo
Lamento desiludir os meus amigos
(se tenho amigos)
Mas detesto o natal
E odeio luzinhas suspensas em pinheiros…