Do sonho acorda a noite
E as traineiras dentro do rio
Às cabeçadas contra as nuvens suspensas no teto da cidade
A cidade acorda e mistura-se na sonolência de ruas sem saída
E gaivotas que dormem junto a Belém
Oiço os sorrisos das traineiras
E os suspiros das gaivotas
Debaixo da relva entalada na garganta do jardim…
Um homem vestido de mulher
Agachado nas migalhas adormecidas na calçada
E um corpo de ferro
Vestido de traineira desce a Ajuda
E afunda-se no Tejo.