Procuro a cidade
Na algibeira da manhã
E na caixa de sapatos onde habito
Encosto-me às paredes de vidro
Que circundam o espaço exíguo dos meus sonhos
A cidade perde-se no silêncio do rio
Gaivotas amestradas
Brincam junto às bichas que buscam engate nas sombras de Belém
E sinto entre os dedos da minha mão invisível
Os cigarros em desejo
Quando olham do outro lado
A outra cidade enfeitada de luzes e lágrimas
Sento-me contra os candeeiros pregados à gaguez da tarde
Oiço na calçada os muros amarelos que ardem e desaparecem
E tal como os meus cigarros em desejo
Junto às bichas que buscam engate nas sombras de Belém
Ardem os muros ardem as árvores…
Tudo arde na algibeira da manhã e na caixa de sapatos onde habito