Sinto as tuas mãos transparentes
Quando poisam no meu rosto invisível
Sinto a tua voz
Amarrotada nos gemidos da noite
E se fixam aos meus lábios
Quando uma pétala de rosa
Voa sobre o silêncio engasgado da madrugada
E um rio solitário acorda em mim
E sinto as tuas mãos transparentes
Que chapinham no rio
As tuas mãos transparentes
Quando ancoram no meu peito de rocha cansada
Da tua voz
Os gemidos amarrotados da noite
Quando ancoram no meu peito de rocha cansada
As tuas mãos transparentes
E sinto
A tua voz
E sinto
As tuas mãos transparentes
Na vidraça do pôr-do-sol
Quando em mim se erguem os plátanos que leem poemas junto ao mar
O rio solitário esconde-se nas tuas mãos transparentes
E no meu rosto invisível
Sinto a tua voz
E no meu peito de rocha cansada
A vidraça do pôr-do-sol
Tomba na sombra dos plátanos
Que leem poemas junto ao mar