Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Dez 11

Estar só dentro de um cubo de vidro

E janelas para o inferno

Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar

E nas faces transparentes das paredes de vidro

Uma criança não se cansa de chorar

Desistindo aos poucos de sonhar

 

Uma criança a ser engolida pela garganta do mar

Que se extingue juntamente com as árvores e os pássaros

E o cubo de vidro

Sorri quando lhe tocam e o acariciam

 

Que faz um louco dentro de um cubo de vidro?

E eu? O que sou eu comparado com um cubo de vidro

Ou com a criança que não se cansa de chorar…

Ou com a criança que desistiu de sonhar?

E o que sou eu comparado com aqueles que acariciam e tocam

No cubo de vidro?

 

E ele sorri quando lhe tocam

E ele sorri quando o acariciam

 

Serei eu então o louco sentado dentro do cubo de vidro?

Ou foi o cubo que enlouqueceu?

Ou é a criança que está louca e chora junto às faces transparentes

Das paredes de vidro?

 

E se eu for o cubo de vidro

E dentro de mim um louco sentado

A olhar a criança que chora junto às faces transparentes

Das paredes de vidro

Com janelas para o inferno

Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar

 

Estar só dentro de um cubo de vidro

E janelas para o inferno

E ele sorri quando lhe tocam

E ele sorri quando o acariciam

 

E ele enlouqueceu no fundo do mar

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:39

 

84,1 x 59,4 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:34

(Aos meus amigos:

Aqueles que o são;

Os que o fingem ser;

Aqueles que têm medo de o ser;)

 

Há um espelho suspenso nos dias

Que deforma o meu rosto

Há um espelho transparente que só existe na noite

E me engole

E me transporta pra o silêncio das estrelas

Há um espelho que me ama

 

Porque é um espelho invisível

Porque ninguém o vê

Porque não tem medo de escrever na geada da noite

Eu amo-te

 

Porque o escreve em silêncio

Para não ser recriminado por outros espelhos

Há um espelho que deforma o meu rosto

E quando me olho nele vejo os riscos que crescem sobre a copa das árvores

Junto ao rio

Numa rua sonâmbula e em lágrimas

 

Eis o meu retrato

Fabricado num espelho invisível

Sem medo de mim

Sem medo de me abraçar

E escrever na geada da noite

- Eu amo-te

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:08
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