Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

29
Dez 11

 

59,4 x 84,1  (desenho de Luís Fontinha)

 

Sabes que estou aqui

Entre a janela e o mar

Sou uma rocha que não se cansa de sonhar

Sou um pássaro que não desiste de voar

Sabes que estou aqui

Entre a janela e o mar

 

Sempre pronto para te escutar

Sempre pronto para te abraçar

Sabes que estou aqui

Entre a janela e o mar

 

Porque sou a noite abraçada ao luar

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:16

28
Dez 11

 

84,1 x 59,4 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:55

 

59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:39

Lâminas de solidão rompem o meu peito cansado

E na minha mão as flores selvagens da montanha

Dormem profundamente ao som da manhã desalinhada

A porta virada para o mar cerra-se e uma parede de betão

Prende o meu olhar

Deixo de ver o mar

E imagino-o a correr nos meus braços

E pinto-o na parede de betão

Que me proíbe de ver o mar

Que me proíbe de brincar com o mar

As lâminas de solidão rompem o meu peito cansado

E espero pela chegada da noite

 

Abraçar-me com toda a força às rochas sonâmbulas

E esperar que a maré me venha buscar

E me leve

E me absorve e misture nos seus desejos

 

A solidão dói

Mas não existe pior dor

Que estar junto ao mar

E não o conseguir abraçar

E ser proibido de o ver

Porque uma parede de betão prende o meu olhar

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:59

27
Dez 11

Estar só dentro de um cubo de vidro

E janelas para o inferno

Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar

E nas faces transparentes das paredes de vidro

Uma criança não se cansa de chorar

Desistindo aos poucos de sonhar

 

Uma criança a ser engolida pela garganta do mar

Que se extingue juntamente com as árvores e os pássaros

E o cubo de vidro

Sorri quando lhe tocam e o acariciam

 

Que faz um louco dentro de um cubo de vidro?

E eu? O que sou eu comparado com um cubo de vidro

Ou com a criança que não se cansa de chorar…

Ou com a criança que desistiu de sonhar?

E o que sou eu comparado com aqueles que acariciam e tocam

No cubo de vidro?

 

E ele sorri quando lhe tocam

E ele sorri quando o acariciam

 

Serei eu então o louco sentado dentro do cubo de vidro?

Ou foi o cubo que enlouqueceu?

Ou é a criança que está louca e chora junto às faces transparentes

Das paredes de vidro?

 

E se eu for o cubo de vidro

E dentro de mim um louco sentado

A olhar a criança que chora junto às faces transparentes

Das paredes de vidro

Com janelas para o inferno

Lá fora extinguem-se as árvores e os pássaros e o mar

 

Estar só dentro de um cubo de vidro

E janelas para o inferno

E ele sorri quando lhe tocam

E ele sorri quando o acariciam

 

E ele enlouqueceu no fundo do mar

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:39

 

84,1 x 59,4 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:34

(Aos meus amigos:

Aqueles que o são;

Os que o fingem ser;

Aqueles que têm medo de o ser;)

 

Há um espelho suspenso nos dias

Que deforma o meu rosto

Há um espelho transparente que só existe na noite

E me engole

E me transporta pra o silêncio das estrelas

Há um espelho que me ama

 

Porque é um espelho invisível

Porque ninguém o vê

Porque não tem medo de escrever na geada da noite

Eu amo-te

 

Porque o escreve em silêncio

Para não ser recriminado por outros espelhos

Há um espelho que deforma o meu rosto

E quando me olho nele vejo os riscos que crescem sobre a copa das árvores

Junto ao rio

Numa rua sonâmbula e em lágrimas

 

Eis o meu retrato

Fabricado num espelho invisível

Sem medo de mim

Sem medo de me abraçar

E escrever na geada da noite

- Eu amo-te

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:08
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26
Dez 11

Tudo arde na fogueira da vida

E os sonhos cessam como as andorinhas

Após a primavera

Tudo arde

Exceto na fogueira da vida

O sofrimento

 

Tudo arde na fogueira da vida

E tudo morre lentamente

No silêncio da noite

Evapora-se o mar nas manhãs de inverno

E à volta do pescoço do amanhecer

Crescem suspiros de solidão

 

Tudo arde na fogueira da vida

Como uma árvore que tomba no chão

Ou uma simples lágrima que se desprende do rosto

Magoado e triste da neblina

Tudo arde

E tudo se renova na fogueira da vida

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:21
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59,4 x 84,1 (desenho de Luís Fontinha)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:27

A terra me engole

E mastiga-me nos alicerces da noite

A terra que se alimenta do meu cansaço

E me enrola na solidão da tarde

 

A terra me engole

E o mar mistura-se nas minhas mãos

E a maré dorme no meu peito

A terra desfaz o meu corpo em pedacinhos

 

E o vento

O vento os semeia na ardósia da manhã

 

Como se eu fosse o musgo abandonado no pavimento

Embebido em sombras

Quando na montanha a tempestade agreste

Entra pela janela da solidão

 

A terra me engole

A terra me prende ao cais onde barcos de papel

Poisam no sorriso de meninos de calções

E sandálias de couro

 

E das mangueiras

Desprendem-se papagaios de muitas cores

Recheados de sonhos

Abraçados a um mar invisível

 

A terra me engole

E de mim nascerão sorrisos

Palavras desconexas

Penduradas nas nuvens do fim de tarde

 

A terra me engole

A terra alimentar-se-á dos meus sonhos impossíveis

E de mim

E de mim ficará a saudade

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:56
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