Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

06
Jan 12

A chuva das palmas ilumina o casebre, Marilu, travesti e puta ao domicílio, Marilu dança como se fosse um orgasmo fictício engasgado na penumbra da noite, do teto cordas de sémen descem até ao pavimento lamacento do casebre, e

- A chuva das palmas,

E desaparece dentro da abóboda celeste,

Marilu começa a voar sobre as cabeças iluminadas pela chuva das palmas e no pénis amarrotado uma frase que faz questão de mostrar ao respeitado público A terra é de quem a trabalha e o meu querido pai que não é parvalhão nenhum Sussurra,

- Mas o fruto é que quem o come,

Muito bem Muito bem Camarada Presidente,

Ele encostado à porta de entrada com a respetiva chave e quando tenta introduzir a chave no buraco da Marilu

- Peço desculpa,

No buraco da fechadura o seu escudeiro mor segreda-lhe Camarada Presidente os dentes para cima,

E ele levanta a cabecinha e arreganha a dentadura e a porta nem se mexeu, o escudeiro percebe que o Camarada Presidente,

- Fuzilem imediatamente este homem,

A chuva das palmas quando a centímetros o Anjo marreco desejoso de saltar para cima da Marilu mas Mas o fruto é de quem o come e a Marilu é de todos e o Anjo marreco candidato à isenção de taxa moderadora, um orgasmo fictício engasgado na penumbra da noite, do teto cordas de sémen descem até ao pavimento lamacento do casebre,

- Muito bem Muito bem Camarada Presidente E desaparece dentro da abóboda celeste,

Peço desculpa mas não aguento mais estes malditos bombos e estas malditas cordas de sémen e a puta da Marilu travesti e homem,

Com o pénis amarrotado e uma inscrição a tinta doirada A terra é de quem a trabalha e claro que sim Muito bem Camarada Presidente Muito bem mas Mas o fruto é de quem o come,

Uma chuva de palmas fictícias ilumina o casebre

- Peço desculpa,

A chuva das palmas ilumina o casebre e um orgasmo fictício engasgado na penumbra da noite escorre pelo cantinho da boca do Camarada Presidente,

- Fuzilem imediatamente este homem, e a ordem de serviço rigorosamente cumprida,

Marilu que já se encontrava nos braços do Anjo marreco foi espancado foi torturado e por fim cortado em filetes de fantochada,

- Mas o fruto é que quem o come,

Termina a chuva das palmas.

 

(texto de ficção)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:56

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:40

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:20

Saudade

Quando sobre o meu corpo envelhecido

Poisa a tempestade

E de um rio cansado

Nuvens de néon chocam contra a solidão

E a manhã agarrada ao muro de vedação

À janela eu fico esquecido

E mergulho nas mãos do poema ancorado

 

No poema fantasma que alimenta a saudade

Quando sobre o meu corpo envelhecido

Os meus olhos fingem ver a cidade

Quando a cidade parece ter morrido

 

E da tempestade acorda a harmonia

E às flores regressa o amor das palavras com sentido

E chovem gaivotas de fantasia

No meu corpo envelhecido

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:13

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