84,1 x 59,4 – Francisco Luís Fontinha
Metade de mim
Morta pela tempestade
A outra metade
Pendurada na parede de um quarto
Sem janelas
Para o mar,
Metade de mim
Carne podre
Pedacinhos de cartão amordaçados
No sangue da noite,
Metade de mim
Morta pela tempestade
A outra metade
Pendurada na parede de um quarto
Sem estrelas
Sem luz
Sem janelas
Para o mar,
Metade de mim…
À procura do cadáver
Da metade morta pela tempestade
Porque à metade pendurada na parede de um quarto
Falta-lhe a metade
A vontade
A saudade
À metade de mim
Sem vista para o mar
Sem janelas para o corredor
Depois de subir as escadas e alcançar a claraboia
Onde metade da metade de mim
Dorme abraçada a uma gaivota