Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

20
Jan 12

 

 

Meu querido Luiz Pacheco,

Literalmente estou fodido, desempregado e sem subsídio algum, esforço-me e não encontro trabalho, recorri ao rendimento social de inserção e foi indeferido, pedi a isenção de pagamento de taxa moderadora e quase de certeza também vai ser indeferido, já pensei ir limpar latrinas mas devido à crise duvido que ainda exista merda para limpar porque de tanto apertarem o cinto os portugueses aos poucos deixam de defecar,

Não comem pá,

Já pensei fazer como o teu mangala que passeava pelas ruas de Braga e fazer-me à vida nos jardins de Belém mas nem para isso tenho jeito, o meu amigo doutor psiquiatra receita-me injeções e tenho de pagar um euro para me picarem o rabo,

- Pede supositórios Pá… E ainda consolas o rabinho,

Isto é se for na data marcada porque se for fora do agendamento são quatro euros,

- Estás mesmo fodido Pá,

Pois estou Meu querido,

E pronto Não sei o que fazer à puta da vida, ainda tenho os teus livros para ler e do António Lobo Antunes e do Saramago e do Cesariny e do AL Berto e do Milan Kundera e do Proust e do Gogol e do Tolstoi e do Dostoevsky, isto é, reler, porque já os li mas tal como o melhoral que nem faz bem nem faz mal, certamente voltar a lê-los também

- Tens vinte paus Pá?,

Também a noite tem algo de silencioso quando vocês entram em mim e particularmente fico fodido quando o AL Berto diz que se gritar mar em voz alta o mar entra pela janela, e abro a puta janela e o caralho do mar onde está?,

Não comem pá,

De tanto apertarem o cinto deixaram de defecar,

- Tens vinte paus Pá?,

Paus já eram e agora só existem aéreos e até ao final do mês só tenho cinquenta e cinco cêntimos,

- Essa merda dá para quê Pá?,

Para nada,

- Então estás Literalmente fodido Pá.

 

(texto de inspiração pessoal e dedicado ao Grande Luiz Pacheco; Lisboa, 7 de Maio de 1925 – Montijo, 5 de Janeiro de 2008)

 

Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:49

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:10
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Em todas as madrugadas

Vem até mim a ausência

Em todas as madrugadas

Descem até mim as estrelas

E as cordas de nylon suspensas em plátanos magoados

Balançam como corpos despedaçados pelo vento

 

Em todas as madrugadas

Procuro o teu corpo na algibeira dos lençóis

E não te encontro

 

Em todas as madrugadas

Uma janela se encerra

E uma sombra esconde o mar no estomago dos rochedos

 

Em todas as madrugadas

Vem até mim a ausência

E uma abelha sem asas

Poisa na minha mão

E dos corpos despedaçados pelo vento

Crescem malmequeres desgovernados nas manhãs de inverno

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:16

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:32

 

 

Cinco Tintos se faz favor,

 …Cheios!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:08
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