Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

10
Fev 12

Há um cachimbo que chora

Há silêncio misturado no fumo

Do cachimbo que chora,

 

Batem à porta

E sei que é o mar para entrar

E o cachimbo que chora

Nas minhas mãos a chorar,

 

Há um homem só

Que conversa com o cachimbo que chora

Com o mar à espera para entrar

Há silêncio misturado no fumo

Quando as palavras desgovernadas

Rompem noite dentro

Como se fossem um cortinado pendurado na garganta do cachimbo…

Sem janela

Envelhece o homem só,

 

Há um cachimbo que chora

Há silêncio misturado no fumo

Do cachimbo que chora,

 

E tal como os sonhos

Como o amor

Há silêncio misturado no fumo

Do cachimbo que chora e tem dor,

 

Sou o homem só

Que conversa com o cachimbo que chora,

 

E o mar à minha espera

E a espuma do mar dentro da boca do cachimbo…

Há um homem que chora

Agarrado a um cachimbo só

Há silêncio misturado no fumo

E sei que é o mar para entrar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:40

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:30

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:20

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:16

Abraço-me à solidão dos cigarros

E dou-me conta das mangueiras

Poisadas nos meus braços

Cansados

Sem forças para acender a noite

Sem forças para folhear um livro de poemas

 

(conheço a solidão provocada

Sei que existe a solidão desejada

E cresce em mim a solidão

Nem provocada nem desejada

Cresce em mim a solidão dos cigarros)

 

Sem forças para folhear um livro de poemas

E dou-me conta das mangueiras

Tombadas no pavimento com cheiro a cacimbo

E sorrisos de criança

 

Abraço-me à solidão dos cigarros

E dou-me conta das mangueiras

Poisadas nos meus braços

 

E dou-me conta que não tenho braços

E que os livros de poemas arderam

Na sombra das mangueiras

E jazem na garganta do mar

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:30

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:38

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