Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

11
Fev 12

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:52

A mulher flutua

Nas mãos do impostor

E o homem com cabeça de xisto

Traz na algibeira meia dúzia de côdeas

Três os quatro grãos de tristeza

E uma lanterna

 

A mulher nua

Nas mãos do impostor

Percorre as ruas da cidade

E a cada milímetro de cansaço

O homem com cabeça de xisto

Puxa dos cigarros

E na parede da solidão cola as frases emersas em fumo

E saliva do mar

 

Desce a noite

E abraça-se ao corpo nu da mulher

E da lanterna

Pingos de seiva caiem sobre a mesa da cozinha

Onde brinca uma toalha de linho

E pratos de flanela suspiram orgasmos literários…

 

A mulher flutua

Nas mãos do impostor

E o homem com cabeça de xisto

 

Morre.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:11

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:19

Entre o silêncio e a morte

De viver sentado numa rocha de xisto

À espera do mar

Sem saber se existo

Entre o silêncio e a morte

Dos cigarros afogados no rio

Entre paredes de vidro

Resisto

E choro

Quando na madrugada se extinguem os sonhos

E uma nuvem de cansaço

Poisa sobre o meu corpo derretido

Magoado

Entre cigarros e palavras de desalento

As paredes de vidro

Os buracos por onde passam as lágrimas

Os fios de sémen agachados na areia finíssima do Mussulo

Sem vento

Cansado

Eu mergulho

À procura dos cigarros afogados no rio

Sem frio

Derretido na palma da mão de deus

Magoado

E choro

Entre paredes de vidro

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:49

Fevereiro 2012
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