Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Fev 12

O que me resta? E quase nada lamentava-se o francisco quando o espelho em gemidos de luz lhe perguntava,

- O que te resta francisco E ele agachado na sombra do pavimento respondia Quase nada,

Livros, cachimbos, quadros e papeis, muitos, saliva que fui guardando na algibeira da insónia e que de nada me servem, os livros, e se ao menos dessem para comer

- Imagino-me a comer Crime e Castigo, Imagino-me a comer A Insustentável Leveza do ser, Imagino-me a comer A Comissão das Lágrimas e porra, enquanto mastigo sinto a voz da cristina dentro da minha cabeça. Minto, enquanto mastigo sinto a voz da cabeça da cristina dentro da minha cabeça, e faço uma pausa,

O mar de Luanda, mas por muito que eu sonhe sei que é impossível comer o mar de Luanda, e por muito que eu sonhe sei que é impossível comer os machimbombos, as gaivotas, a baía, e por muito que eu sonhe

- A comissão das Lágrimas quase todinha mastigada e aos poucos a voz que vivia dentro da cabeça da cristina abraça-se ao capim e desaparece nos lábios do cacimbo,

A morte quando tudo dorme debaixo de um candeeiro a petróleo, a morte que sobeja do canto da boca ao terminar de mastigar

- Há dois meses que não como peixe,

A voz da cristina abraça-se ao capim e desaparece nos lábios do cacimbo,

O que me resta?

Livros, cachimbos, quadros e papeis, muitos, saliva que fui guardando na algibeira da insónia e que de nada me servem, os livros, e se ao menos dessem para comer, eu juro que os comia,

- Peixe, Deixei de comer peixe,

E por muito que eu sonhe

- O que me resta?

E por muito que eu sonhe nada me resta.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:26

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:44

 

59,4 x 84,1 . Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:12

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:29

São assim as manhãs

Tristes

Cansadas

Sofridas

São assim as manhãs

Dentro de um corredor frio e escuro e comprido

 

Sem vista para o mar

 

São assim as manhãs

Abraçadas à saudade

Tristes

Cansadas

Sofridas

Na garganta da cidade

 

Sem vista para o mar

 

São assim as manhãs

De inverno

Inferno

 

No espelho do luar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:55

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