Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

25
Fev 12

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:55

Procuro por ti

Entre todas as luzes da noite

Dentro de todas as janelas da cidade

Em todos os rios sem barcos

Procuro por ti junto às amoreiras

Quando acordam pela manhã

 

Procuro por ti em todos os charcos

E não te encontro

E apenas pingos de saudade

Pregados aos braços das mangueiras

 

Procuro por ti

Entre todas as luzes da noite

Dentro de todas as janelas da cidade

E não te encontro

 

Procuro por ti em todos os mares

Quando as gaivotas sem nome

Sem mãos

Correm com fome

 

E não te encontro.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:17

 

84,1 x 59,4 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:27

24
Fev 12

Miseravelmente só

Olhando um rio sem nome

Num país inventado

Miseravelmente só dentro das mãos do oceano

 

À procura de palavras

Fabricando nuvens de fumo com sabor a silêncio

Erguem-se fatias de pão das rochas ingremes da noite

Quando uma criança dorme nos braços do pôr-do-sol

 

Quando de um livro acorda um corpo cansado

Mutilado

Prisioneiro de um muro de betão

Ao cair da noite

 

Ao cair da vida

 

Miseravelmente só

Sentado fingindo viver

Fingindo sentado miseravelmente só

À espera de morrer…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:37

23
Fev 12

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:54

Das mandibulas do sofrimento

Cresce um ramo de flores sem cor

Um ramo de flores sem nome

Pregado às nuvens invisíveis que cobre a floresta

Das mandibulas

Do sofrimento

Um rio desgovernado nunca chegará ao mar

Transformando-se em beijo

Nos lábios travestidos do desejo

Quando na manhã sem janelas

O meu rio cansado

Morre dentro das rochas ingremes da saudade

Os meus cigarros adormecem

Nas mãos do rio cansado

E na pedra onde me sento

O ramo de flores sem cor

Sem nome

A mim abraçado.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:14

22
Fev 12

Há quem me chame de tudo

Há quem me ignore não me chamando de nada

Simplesmente baixando a cabeça

Simplesmente me comparando com uma pedra de calçada

Há quem diga que sou louco

Há quem pense que vivo num mundo de fantasia

Há quem me chame de tudo

De tudo um pouco

Há quem me ignore não me chamando de nada

Como se eu fosse um livro de poesia

Abraçado a uma gaivota cansada

Refém na madrugada

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:01

O que nunca tive

E pensava que tinha

Quando tudo se perde

Entre os grãos de areia da noite

Ceram-se as janelas

E extinguem-se as luzes de néon adormecido

E evaporam-se todas as estrelas do céu

E todos os barcos morrem na madrugada

 

Perder o que nunca tive

Dormir quando não tenho sono

Porque tudo o que tinha

Perdeu-se entre os grãos de areia da noite

E agora não tenho nada.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:06

21
Fev 12

Cerro a janela dos sonhos, pego no mar que pintei na parede do meu quarto e guardo-o na gaveta da cómoda juntamente com velhos papéis amarrotados pelo cansaço do vento, sento-me na cadeira de vime e enrolo o último cigarro da noite, acendo-o e espero, acendo-o espero que os meus braços se transformem em rocha e que nas minhas mãos cessem as lágrimas da primavera, uma gaivota parvamente me sorri, e dou-me conta que amanhã posso não ter tempo pra desfrutar o último cigarro da noite.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 02:22

20
Fev 12

 

59,4 x 84,1 – Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:40

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