Consultei as estrelas e os fios de luz ausentes na manhã de domingo, no pulso emagrece um velhíssimo relógio cansado das horas, dos minutos e dos segundos,
lá fora chove, lá fora as acácias em flor perguntando-me,
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Porquê hoje,
porque hoje é domingo Respondi-lhes secretamente dentro das árvores alinhadas no jardim perdido no oceano, os ramos desertos, as folhas parecendo lençóis pertencentes à noite dos mendigos passeando avenida abaixo em direcção ao infinito, eu mendigo invisível abraçado a um pedacinho de silêncio que sobejou do meu último cigarro, um livro desespera e esconde-se debaixo da janela sem vidros e sem cortinados, olho-me, olho-me e pareço uma montanha que desce as escadas do amanhecer, escondo-me na sombra do rio, e o rio sou eu,
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Porquê hoje se amanhã é mais um dia perdido nas sandálias do vento, porquê hoje quando amanhã será outro dia, outro relógio de pulso na minha mão, hoje não,
hoje consultei as estrelas e os fios de luz ausentes na manhã de domingo, hoje caminharei para o dia de ontem até evaporar-me como os grãos de pólen nos lábios das abelhas, olho-me, olho um esqueleto perdido nos dias, olho um esqueleto perguntando às acácias Porquê hoje, e ninguém, e ninguém saberá responder-lhes, nem, nem o dia de amanhã, nem tão pouco o dia de hoje, domingo, lá fora chove, lá fora chove e um homem de sobretudo e cachimbo na boca procura desesperadamente o número de polícia inscrito no olhar, batem à porta, e ninguém, e ninguém para a abrir, uma janela sem vidros e sem cortinados,
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Solta-se da fachada em ruínas que o meu corpo transporta, os alicerces cambaleiam nas pedras desalinhadas da calçada, uma rua chora a partida do homem do sobretudo e cachimbo na boca, e solta-se da cidade um coração sem dono, um coração construído em titânio que procura sem encontrar um número de polícia inscrito no olhar,
e o desejo de ser domingo acorda em mim,
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Porquê hoje,
(e tanta porcaria que aprendi, desde trabalhar com um computador sem disco rígido, porque ainda não existiam, passando pelo MS-Dos, dois drivers de cinco polegadas e meia em cartão, uma com o sistema operativo e a outra para guardar textos e pouco mais, e os poemas escritos no WordStar perdidos algures no esgoto da noite, C:\dir *.*, c:\del *.Amor e todos os ficheiros com a extensão amor para a lixeira, Lixeira?, qual lixeira..., para o inferno, C:\format a:, C:\move *.* a:\Noite)
e pergunto-me porquê hoje domingo, e digito tree e vejo no espelho todos os arquivos do meu corpo, alguns protegidos C:\Attrib +R francisco.exe, outros, outros desprotegidos e escondidos na algibeira juntamente com os cigarros, juntamente com os vidros e os cortinados da janela...
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E caí na asneira de desenhar uma árvore, e ouvi da psicóloga,
Está apaixonado,
e nunca mais desenhei árvores.
(texto de ficção não revisto)