Não vale a pena escreverem no google “Luís Fontinha pinturas”, não sou pintor, não sou escritor, apenas faço parte dos 15% de desempregados... e a aumentar.
Não vale a pena escreverem no google “Luís Fontinha pinturas”, não sou pintor, não sou escritor, apenas faço parte dos 15% de desempregados... e a aumentar.
Pareço um espelho
poisado sobre o pavimento molhado
incenso e marfim
nas algibeiras da tarde
e tudo à minha volta arde
e tudo à minha volta
incenso e marfim
e fios de nylon
descem das árvores doentes
incenso e marfim
contentes
nas algibeiras da tarde,
pareço um espelho
um palhaço que brinca na esplanada do Baleizão (Luanda)
entre cadeiras imaginárias
e migalhas de pão,
pareço um espelho
made in China,
(um homem sem destino
desde menino)
entre cadeiras imaginárias
e madrugadas de cetim
antes do pequeno-almoço
ao virar da esquina
no centro do jardim
um espelho,
nas algibeiras da tarde.
Há uma pedra onde me sento
e descanso
há um banco de jardim onde adormeço
e descanso
mas não existe oceano
pedra
ou banco de jardim
que queira o meu veleiro
desde que me conheço
(Há uma pedra onde me sento
e descanso
há um banco de jardim onde adormeço
e descanso)
e os dias pregados na alvenaria da vida
fotocópias de fotocópias
noites de noites
numa rua sem saída
que queira o meu veleiro
onde me sento
e descanso.