Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

23
Abr 12

Vivo na cidade dos beijos,

- Querido Francisco, as coisas por aqui vão cada vez pior, sonhei com uma placa onde jazia o número 1029, Acreditas?, com os últimos cinco euros que me restavam comprei uma fracção da lotaria com este número, Acreditas? Não saiu, nada, portanto os sonhos basicamente são uma treta, sonho com gajas que nunca vi na vida, tão pouco sei se existem, coisas estranhas, esquisitas, e o 1029 em vão... Sim meu querido, Azar ao jogo Sorte no...

vivo na cidade dos beijos, Azar ao jogo Sorte no inferno que são as ruas da cidade dos beijos, e o 1029 não saiu, pego no número e transformo-o numa matriz e obtenho triângulos rectângulos, coisas esquisitas e sem nexo, números, matrizes, equações, triângulos, muitos triângulos,

-querido Francisco

vivo na cidade dos sonhos, e ao fundo da rua vejo o rio do desejo, entre as duas margens a ponte enfeitada com lábios vermelhos, e o cabrão do 1029 não saiu, e o cabrão do 1029 numa placa de silício a martelar-me a cabeça,

- querido Francisco, as coisas aqui vão cada vez pior, sonhei...

Não meu querido, não saiu o cabrão do 1029.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:09

Nunca soube o significado da palavra MAR

nunca vi o mar

e o amor

com dor

ao acordar

e o amor com dor

embrulhado nos lençóis da maré

amar

amar sem fé

amar amar

o mar

quando nos olhos de uma flor

com dor

quando nos olhos de uma flor

o amor

amar

o amor finge adormecer

eternamente

com dor

eternamente ausente

nas pálpebras do amante

sofredor

 

escrever

 

o amor

e o mar

o amor com dor

amar

a dor

sem mar

 

eternamente ausente

não sente

o amor sem mar

amar sem dor

o amor...

o amor sofredor.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:38
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Procuro-te nas almofadas da noite

entre os lençóis do mar

oiço-te embrulhada nas ondas

a brincares com as minhas palavras...

oiço-te e não consigo ver-te

e não consigo tocar-te

porque o mar em revolta

à minha volta

roubou-me o sonho

e cerrou as janelas do meu pôr-do-sol

e até a lua deixou de brilhar

e as palavras com que brincas

aos poucos desaparecem antes de acordar a madrugada

tal como eu

um louco

suspenso entre as sandálias

e os calções de infância

um louco

tal como eu

que não consegue tocar-te

que não acredita no céu

um louco

tal como eu

às voltas com o caderno da solidão

onde escrevo

onde semeio as minhas lágrimas

e escondo

um louco

tal como eu

e escondo o meu coração

de titânio

de xisto

de argamassa

um coração estupidamente só

um coração

ao abandono

sem dono

sem destino

desde menino

sentado num banco de jardim

à tua espera

(oiço-te e não consigo ver-te

e não consigo tocar-te

porque o mar em revolta

à minha volta)

sem dono

sem destino

eu um louco

que não consegue tocar-te

sentado num banco de jardim

o meu coração

a escrever versos no caderno da solidão

assim

eu tão só

tão pouco

um louco

assim

assim entre os lençóis do mar

e as noites de inferno

onde te oiço

a vasculhar o meu caderno da solidão

onde escrevo

e semeio

os guindastes da vida...

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:35

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