Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Abr 12
publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:34
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Oiço a voz cansada da solidão

oiço a madrugada

poisada na minha mão

e suspiros de menta

e algodão suspiros

de quem não aguenta

a tarde em cansaços

poucos abraços

nos lábios em maldição

oiço a madrugada

oiço a madrugada da solidão

e suspiros de menta

quando uma bela flor

quando oiço a madrugada

sentada à janela

e o cortinado em clamor

afugenta

tão estranha dor

ser pedra de calçada

ou berma de estrada

ser engenheiro ou doutor

ou não ser nada.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:25

O último cigarro

o último Orgasmo Pulmonar

nas tuas mãos de cinza pérola adormecida

canso-me nos teus lábios

nos teus braços

e olho-te enquanto te evaporas em mim

como a chuva que se entranha no meu corpo

como o vento que leva o teu sémen

 

o último cigarro

o último adeus

 

como o vento que sacode as tuas lágrimas

que se escondem no rio

o último cigarro

que leva o teu sémen

 

e te digo adeus.

 

(decididamente vou deixar de fumar)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:01

25
Abr 12

“Estás no fio da navalha. Só tens duas hipóteses: deixar de fumar ou deixar de fumar...” (o meu médico de família)

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:48
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publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:18

Há um pilar de saudade

na sapata do meu peito

há uma viga de desejo

que poisa no pilar

que vive dentro do meu peito

 

há um pilar de saudade

que abraça a noite

e olha as estrelas

 

uma laje aligeirada

sobre o pilar da saudade

à procura da madrugada

 

há um pilar de saudade

na sapata do meu peito

há uma estrutura cansada

perdida na cidade

e sem jeito.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 02:00

24
Abr 12

Foder todas as palavras que escrevo

escrever todas as coisas que fodo

sem saber

não percebendo

que nas palavras de escrever

há um verbo moribundo

um corpo achatado

não sabendo

que todo

que todo o poema está doente

sofrendo

sofrendo nas sílabas do enforcado

foder todas as palavras que escrevo

e não sei

e não se devo

e não sei se devo desistir deste mundo...

 

escrevo

sem saber escrever

escrevo sem saber escrever

foder

foder todas as palavras que escrevo

em todas as coisas que fodo

 

que todo o poema está doente

que todo o poema está doente e não sente

não sabendo

sofrendo

não sabendo sofrendo

que todas as palavras que fodo

de todo

não são gente

 

são palavras

não sabendo

sofrendo

são palavras felizmente.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:41

Vou ao café

fico de pé

procuro na algibeira

a maldita carteira

 

olho a empregada

meia destrambelhada

tanta gente

porque hoje é feira

procuro na algibeira

a maldita carteira

fico de pé

e não tomo café

 

contente

 

enrolo um cigarro

à porta do café

em pé

pego na mortalha

e o canalha

um cabrão ao passar

sem me olhar

(este filho da puta está a fazer um charro)

olho a empregada

meia destrambelhada

 

(Vou ao café

fico de pé

procuro na algibeira

a maldita carteira)

 

e o mesmo cabrão

sem coração

o canalha que passou sem me olhar

a murmurar...

 

(é preciso ter fé)

 

vai ter fé ao caralho

(porque para tomar café

preciso da carteira

na algibeira)

recheada

como a empregada

destrambelhada.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:09

23
Abr 12

Vivo na cidade dos beijos,

- Querido Francisco, as coisas por aqui vão cada vez pior, sonhei com uma placa onde jazia o número 1029, Acreditas?, com os últimos cinco euros que me restavam comprei uma fracção da lotaria com este número, Acreditas? Não saiu, nada, portanto os sonhos basicamente são uma treta, sonho com gajas que nunca vi na vida, tão pouco sei se existem, coisas estranhas, esquisitas, e o 1029 em vão... Sim meu querido, Azar ao jogo Sorte no...

vivo na cidade dos beijos, Azar ao jogo Sorte no inferno que são as ruas da cidade dos beijos, e o 1029 não saiu, pego no número e transformo-o numa matriz e obtenho triângulos rectângulos, coisas esquisitas e sem nexo, números, matrizes, equações, triângulos, muitos triângulos,

-querido Francisco

vivo na cidade dos sonhos, e ao fundo da rua vejo o rio do desejo, entre as duas margens a ponte enfeitada com lábios vermelhos, e o cabrão do 1029 não saiu, e o cabrão do 1029 numa placa de silício a martelar-me a cabeça,

- querido Francisco, as coisas aqui vão cada vez pior, sonhei...

Não meu querido, não saiu o cabrão do 1029.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:09

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