Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

31
Mai 12

eu não acreditava

que o mar era quadrado

que a terra chorava

eu

não

eu não acreditava

que o meu coração

palpitava

galgava

porque era quadrado

o mar

onde eu me banhava

 

eu

não acreditava

que onde eu me banhava

o mar

eu não sonhava

acreditava

o mar era quarta-feira

antes de me deitar

e eu e eu acordava

não sabendo que brincava

com uma abelha

na minha cama deitada

 

não

eu

não eu acreditava

 

que o mar

que o mar quadrado

que o mar quadrado apaixonado

não

eu

eu não

me cansava

de abraçar o vento cansado

 

não

eu

não eu acreditava

Eu não acreditava

que o mar era quadrado

que a terra chorava...

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:16

pois

depois talvez às vezes

outras vezes

não sei

pois talvez

talvez um dia

uma tarde

outro mar

 

outro navio

fotocópias do rio

 

de costas

deitado

pois

coitado

às vezes

talvez um dia

um outro dia

outro navio fotocópias do rio

 

de pé

sentado

no café

coitado

 

Pois

depois talvez às vezes

outras vezes

não sei

 

talvez um dia

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:16

30
Mai 12

Há um cigarro

apagado

um cigarro inchado

estupidamente sofrido

estupidamente

agachado

estupidamente cansado

 

há um cigarro

há um cigarro apagado

na clarabóia do sono

há estupidamente

um cigarro

 

cigarro morrido

há morrido estupidamente

ao findar-se a tarde num cigarro

apagado

lixado

 

fodido

 

há um cigarro

moribundo

há um cigarro cigano

sem mundo

e no engano

e no entanto

enganado

o cigarro imundo

 

desgraçado

fodido

 

há um cigarro enganado

nas mãos do finado

cigarro

há cigarro

tostas mistas

rissóis de camarão

sem pão

ão ão ão

 

no pulmão.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:39

29
Mai 12

abre-se a brecha entre o sol e a lua

uma bolacha de trigo

mergulha no leite com café

sem cigarros

abre-se em ti o murmurar de gemidos

na aldeia escondida das sandálias sem primavera

 

secreta

a vagina da ditadura

 

abre-se

a brecha de uma bolacha de trigo

entre o sol e a lua

na rua

à tua

secreta

vagina

em literatura

 

à tua

na rua

secreta

a vagina de amargura

 

à tua

à tua a rua

sem nome

secreta

ditadura

 

abrem-se

entre o sol e a lua

vagas paras espiões desempregados

ex-drogados

ex-deputados

sem nome

à janela

da vagina secreta

da ditadura

 

na aldeia escondida das sandálias sem primavera

a vagina secreta

da amargura

na rua da ditadura.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:53

Caminho sobre a cidade em construção

deito-me na ponte do desejo

e acaricio os prédios em ruínas

as ruas de sílaba em sílaba

debaixo das árvores de papel

a cidade

a caminho do infinito

na desordem de acordar

 

e frio

nas sílabas de sílabas das sílabas

da tua boca engasgada nas palavras proibidas

e frio do silêncio das flores de cetim

em busca de um abraço

à procura de um beijo

 

a caminhar

sobre o vento em construção

a cidade

a cidade invisível à janela da tua boca

e frio

nas sílabas

em flores de cetim

a cidade proibida

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:36
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28
Mai 12

Patético o meu corpo

merecidamente apaixonado

outro eu “O homem poético do inferno”

apaixonadamente apaixonado

nas palavras que me uivas antes de adormecer

Que encanto

eu estar vivo e viver

apaixonadamente

entre nuvens e árvores sem cigarros

em orgasmos lentamente sós

e vós

Menina só

eu em ti

apaixonadamente louco

apaixonado

mente

pouco

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:51
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27
Mai 12

(para ti)

 

Me encanta a tua voz poética

nas tuas palavras de sofrimento

me encantam as tuas mãos melódicas

quando regressa o vento

e eu me encanto

com os teus lábios de inverno

junto à lareira

me encanta o teu cabelo

(Loiro? Eu não sou Loira... eu sou Castanha!)

como se isso me importasse

porque me encanta a tua voz poética

e eu me encanto

com as noites de primavera

à lareira

a imaginar o teu cabelo

(Loiro Castanho, Castanho Loiro, Loiro Castanho, Castanho Loiro)

 

Me encanta a tua voz poética

nas tuas palavras de sofrimento

me encantam as tuas mãos melódicas

quando regressa o vento

 

tudo em ti me encanta

tudo de ti alimenta

 

o encanto de amar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:34

26
Mai 12
publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:04
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25
Mai 12

ao longe

a eterna morte vestida de árvore

com pássaros azuis

e nuvens encarnadas

 

ao longe

a eterna morte na fogueira da literatura

com poemas de fogo

e palavras de néon

 

ao longe

a morte vestida de branco no espelho de árvore

com lápis de cor

com lábios cinzentos

 

ao longe

eu

eu vestido de morte

com um livro de poemas na mão...

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:37

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:48

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