Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar
deixas ficar os sonhos
e as gotinhas de orvalho,
nos cortinados da madrugada
abres a janela do desejo
e uma gaivota de prazer
voa sobre os teus olhos de maré
antes da chegada do pôr-do-sol,
a lua do teu ventre
mingua no interior das estrelas de algodão
e todos os pássaros às bicadas a uma mão
que o corpo do homem em solidão
deixou ficar juntamente com os sonhos,
o vento leva tudo
e o mar
no mar
em busca dos meus ossos,
e o mar
no mar
as minhas palavras em congestão
depois do pequeno-almoço,
Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar...
e o mar
deitado no teu peito de púrpura amanhecer.