Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Mai 12

e zás

caiu o tecto da miséria

sobre a horta da saudade

e traz

o sangue na artéria

e vem de longe a felicidade

 

e zás

e traz

 

alimentos biológicos

pimentos

ventos

tomates analógicos

TV digital

e zás

e traz

um bebé prematuro

e traz

e zás

o menino francisquinho

coitadinho

poisado no quintal

barrigudo

pançudo

vem de longe a felicidade

 

e zás

e traz

 

a côdea na algibeira

o sangue na artéria

vai para longe a ribeira

e leva a miséria

 

freguês...

e zás

e traz

 

vai uma voltinha?

Duas por uma

não custa nada

burguês

dá cá uma notinha

(de cinco, de dez ou de vinte)

ai freguês...

e zás

e traz

o som na espingarda e PUMBA

o sémen de aço

no peito do pedinte

 

o coração estilhaçado

e o palhaço sem braço

sem pernas nem cansaço

caiu o tecto da miséria

o sangue na artéria

 

sobre a horta da saudade

um tomate ficou danificado

e um pimento

coitado

como o menino francisquinho

deitado

no ninho

ao vento

sem alimento

sem pensamento

em sofrimento

à espera que cesse a tempestade

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:59
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Podia prescindir

de viver com livros e literatura

de escrever

ler

mas não fumar cigarros

é como fingir

semear orgasmos

no meio da rua

publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:51

travestis

putas

homens honestos

ruas em cidades

aldeias sem ruas

prédios sem janelas

e luas

nuas

sem portas de entrada

jardins floridos

fodidos

a literatura

os livros

o medo

todos os sonhos

na sepultura

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:25

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