O coração de papel
arde na lareira da insónia
lábios de mel
em busca de prazer
nas sandálias submersas
no chocolate líquido
o coração em migalhas
infinitamente pequeníssimas
sobre o silêncio da morte
arde
o papel
o coração deixa de ser meu
e transforma-se em granito puro
(seara verdejante no teu peito)
o grito
quando o céu
é teu
arde
o papel dos teus olhos
em corações de infância
gostava de ser o mar
e não ter sitio onde morar
ser pássaro e voar
gostava
até às planícies enclaustradas
nos suspiros da tarde
voláteis madrugadas
as nossas
dentro de quatro paredes
(de madeira)
o caixão com livros
e desenhos com lágrimas
o coração
o coração arde
no papel
o mar
e não ter sitio onde morar
da lareira da insónia
um grande beijo para ti....