Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

12
Jun 12

Termina a manhã

no pulso da solidão

lá fora

lá fora brincam os arbustos

do sofrimento

na manhã

 

do pulso sem nome

brotam argamassas de lágrimas sofridas

ele não come

ele na manhã em busca das árvores perdidas

 

lá fora

lá fora em

lá fora em silêncio

 

o livro da vida.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:56

11
Jun 12

Não apitam mais

os barcos dos teus lábios

no mar da tua boca

com maré de beijos

e frestas de solidão

 

não vou olhar mais

o rio de feitiço

que corria nas tua mãos

sonâmbulas nas tardes sem poesia

 

não apitam mais

os barcos dos teus lábios

 

a pedra da saudade

(junto ao rio que corria nas tuas mãos)

a pedra

abandonada nos barcos

que deixaram de apitar

nos teus lábios de primavera.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:49

10
Jun 12

os destroços que inventaste de mim

o lixo imaginado

com bocas de fogo

e línguas de cetim

 

ao cair da tarde

abraçado

o lixo lixado queimado

nas bocas do inferno

loucas paixões

sem vidros

portas

corações

 

eu

o teu lixo

o resíduo nocturno da loucura

que esconde a noite invisível

eu

o meu

 

eu

destroços

lixo

em bocas de fogo.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:51


Milan Kundera e sua esposa Vera
publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:55

09
Jun 12

quem sou!

um esqueleto com óculos escuros

uma imagem suspensa na tela da noite

com braços

com pernas

com mãos

sem nada

com tudo

 

quem sou!

 

sem nada

com tudo

com mãos

 

quem sou!

um esqueleto

óculos escuros

imagem

na tela da noite

 

um buraco fino e escuro

onde dorme o amor.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:51
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08
Jun 12

nunca mais vi os barcos

no cais das minhas mãos

perdeu-se em mim o oceano

o infinito amanhecer

sem velas

sem vento

vontade de viver

nunca mias vi os barcos

 

(partiram para longe)

 

vem o guindaste da morte

 

arde

derrete no cais das minhas mãos

 

os barcos

os barcos da saudade

sem velas

sem vento

vontade de viver

 

(partiram para longe)

 

partiram para longe sem mais dizer.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:10

07
Jun 12

apenas tu

(palete de cores invisíveis)

não partiste

apenas tu milhafre sem rumo

pela janela

no final do dia

apenas tu

não partiste

para longe das minhas mãos

(apenas tu

silêncio de cores

apenas tu

orvalho da manhã)

 

apenas tu

apenas eu

à espera que acorde o dia

e regresse o vento

e regresse a chuva

para longe das minhas mãos

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:28

06
Jun 12

O espesso cansaço

que desperta nas cores de uma tela

a infinita despedida

sem apreço

nem abraço

o espesso cansaço

na hora da partida

no interior de um janela

 

o espesso cansaço

no espelho magoado

à imponente despedida

 

o espesso embriagado

cansaço enforcado

numa rua sem saída.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:11

05
Jun 12

as palavras dos teus olhos

habitam no poemário

enfeitado com cerejas

e hortelã

 

a voz canina da primavera

entranha-se em mim

e o meu corpo pede abraços

ao transeunte anónimo

que apressadamente se esconde

no poema

 

as palavras

morrem

como tu um dia morreste

(habitam no poemário)

mulher suicida-se

no rio imaginário que brinca nos teus beijos

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:37

04
Jun 12

O sonho entra nas ranhuras do teu prazer

e da luz cansada da noite em construção

um sorriso de pétala desenha-se no espelho do rio

há uma janela sem rosto

nas águas-furtadas das tuas mãos

ninguém

ninguém para nos abraçar

a não ser...

a não ser as pequeníssimas folhas

em papel acetinado da manhã

quando se despede a noite

sem noite dentro de ti

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:47

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