Os olhos de vidro
da melancolia
sem destino
dentro de um livro abandonado
o frio poema mergulha
na febre labial das estrelas
a lua em ondas curtas
à volta dos gemidos do sol
os olhos de vidro
no livro sem sentido
a melancolia sem destino
na tristeza dos meninos
que se escondem na chávena de chá
e das torradas do peque-almoço
sem saudade
sem perceber que das paredes da felicidade
brotam fios de luz
e dias desalinhados
de vidro
de vidro se partem as flores do amanhecer
de vidro
os olhos
e a caneta de tinta permanente
de vidro
de vidro o amor invisível e proibido...