Sobre a almofada do amor
dorme o abandono e a escuridão
voam as palavras de incenso
para a desconhecida mão
em flor
com perfume a silêncio
e vergada nos cortinados triangulares
das tardes de pulsações e desejos
dos lençóis com sabor a haxixe
procura o amor
impregnado de piolhos alquimistas
nos verdejantes lábios do sono
descem as ruas em ruína
com o destino de morrerem afogadas
nas lágrimas da despedida
sobre a almofada do amor
a madrugada com escadas para o sótão da solidão
abro a janela triangular
e arremesso-me de encontro ao vento
e curiosamente
e curiosamente começo a voar
e curiosamente
e curiosamente na almofada do amor
dorme o abandono e a escuridão
da madrugada com escadas para o sótão da solidão...
(voltarei a fumar)