Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

31
Ago 12
publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:02

Tão triste

ver o silêncio da Lua Azul

e saber que o teu sorriso

deixou de acordar

Tão triste

ver o silêncio da Lua Azul

e saber que o teu olhar

cessou no jardim da saudade

 

tão triste

hoje

a noite

 

com a cidade construída de medo

e janelas de sofrimento

as lágrimas de luz

sobem aos móveis da melancolia

 

o vento

tão triste

hoje a noite de Lua Azul...

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:20

30
Ago 12

Last week an enraged crowd threatened to burn my daughter alive, and in 48 hours a judge will decide whether she goes free or stays in jail. Rimsha is a minor with mental disabil

ities and often isn't in control of her actions. Yet local police here in Pakistan have charged her with desecrating the Koran, and we are afraid for her life.

Right now she is being held in a maximum-security jail, and in hours, she will face the court under Pakistan's anti-blasphemy laws, which carry the death sentence. We are a poor Christian family, witnessing mob fury over my daughter's case, and many other families have faced similar intimidation forcing them to either flee or live in fear. But the international attention on Rimsha’s case has emboldened Pakistani Muslim leaders to speak out against this injustice and forced President Zardari's attention.

Please help me keep up the global outcry on my daughter's case. I urge you to sign my petition to President Zardari to save Rimsha and demand protection for us and other vulnerable minority families. Avaaz will share this campaign with the local and international media, watched carefully by all the politicians here.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:51

oiço o suicídio do pescador de sonhos

no mar da tranquilidade

oiço as lágrimas do monte de sucata onde habita no meu corpo

e restos de chapa canelada, limalha de aço e pedaços de silêncio...

 

tomam conta do meu coração

 

(só, só, nunca estive tão só

e o vento não se cansa de soprar

em cada suicídio do pescador de sonhos)

 

a cidade atravessa o vale infinitamente belo

recheado com amêndoas

ovos de chocolate

e pássaros que inventam sonhos nas folhas emagrecidas das árvores do cemitério

as lápides

voam entre os restos de tristeza que sobejam das aboboras com olhos de mel

e as fotografias

oiço

 

(tomam conta do meu coração)

 

Oiço o suicídio do pescador de sonhos

no mar da tranquilidade

 

e percebo que estou completamente só junto ao rochedo dos sonhos

tomam conta do meu coração

as pedras

e as ervas

 

oiço

 

oiço a voz de uma sombra

oiço

vestida de mulher

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:12

29
Ago 12

Friamente habitar no teu corpo

ardente

quando tropeço no mar

absorto

morto

sem vontade de acordar

 

friamente os sorrisos da alvorada

como cinco gaivotas envenenadas pelos silêncios da noite

amadas sobre o divã invisível poisado no pavimento sem esquinas de luz

nos corredores da morte

 

friamente o Tejo me engole quando mergulho dentro dos lençóis da solidão

um barco é impossível

nas coxas de um cacilheiro em direcção ao Seixal

e entra em mim o cheiro suficiente para me fazer sonhar

há a possibilidade de eu acordar no solo lunar da margem Sul

sentado numa pedra a imaginar palavras nas ardósias do infinito

 

serei feliz assim?

 

Metade de mim xisto

e a outra metade

pequenos grãos de pólen

nos desejos das abelhas

 

serei amado?

 

Quando todas as portas se encerram friamente

no sono das estrelas preguiçosas

alegremente

 

assim?

 

Serei?

 

Quando tropeço no mar

e de uma rosa de papel

um beijo acorda

abraçado a fios de nylon...

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:57

28
Ago 12

Esqueci-me de acordar

e de abrir a janela da manhã

como sempre o faço

desde que o mar deixou de visitar-me

antes de nascer o sol

muito antes...

muito antes de todas as luzes da cidade se extinguirem nos alvéolos do cansaço

o fumo do meu cigarro

recomeça nas profundezas dos socalcos pregados aos cortinados da montanha

o rio vomita faiscas de palavras que ninguém lê

e que todos prendem ao horizonte desgovernado e invisível e doente

muitos antes

os milhões de fantasmas que dormem nas ruas da cidade inventada

com um rio inventado

com mares e barcos e velas

inventadas

nas mãos de um mendigo

eventualmente

ausente das tardes de insónia

como o amoníaco dentro das paredes de vidro

muito antes...

muito antes de eu ser um velho marinheiro

deambulando pelos trilhos dos oceanos de luz

ausentes

ausente na minha própria manhã

e de abrir a janela

como sempre o faço

e hoje

e hoje me esqueci

e hoje

e hoje fiquei sem manhã

como sempre o faço

e hoje

e hoje não tive forças para a abrir

e olhar

e olhar o silêncio da paixão...

nas flores do amor

dos sorriso de mar

que são os olhos da saudade.

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:21

27
Ago 12

a peso da lua

quando o beijo invisível se mistura no luar

e os peixes voadores

em silêncios dispersos

há uma mão que balança dentro do cortinado do abismo

o medo subtrai-se à complexa matriz transposta

e que nas horas de vazio

submerge nos ziguezagues

da morte

a luz selvagem dos olhos que me odeiam

entre as flores pintadas no muro da escola

e as estrelas nos lábios das gaivotas adormecidas

 

(sinto-me cansado

de olhar o mar

sem ondas e sem sonhos

como uma seara incendiada pelo peso da luz)

 

morre o meu último barco que imaginei

construir na Baía de Luanda...

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:20

26
Ago 12

fundem-se as lâmpadas do incenso

e uma mão de criança esboça um sorriso nas lápides do amor

olho-te imaginando o teu corpo coberto de poemas de óleo de coco

e sílabas de desejo

dentro do vulcão da noite impossível de regressar

aos teus lábios imaginando

olho-te do destino pintado de vermelho

com rosas de papel

e olhos de mel

e sobre o mar húmido do teu púbis

os barcos atravessam a barra

e desaparecem na neblina da solidão

 

(na tua boca sou apenas um louco)

 

na minha boca

serás a seiva rainha das árvores imaginárias que crescem nas tuas mãos

quando dos fins de tarde

desce a brisa e poisam nos livros as carícias e as medusas e os pigmentos de luz

à janela da tua pele

sem destino marcado

 

(na tua boca sou apenas um louco)

 

um pequeno desgraçado

uma nuvem desenhada numa manhã de tempestade

na tua boca um louco

eu à procura das palmeiras sem saudade

no mar adormecido do Mussulo

e nunca mais regressaram

porque é impossível regressar

ao teu corpo coberto de poesia de óleo de coco

e sílabas de desejo

o louco

imaginando estrelas de algodão no tecto do silêncio

(na tua boca sou apenas um louco).

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:09

Pelo poema, pelas palavras... embrulhados na música, o amor, o amor desce do céu ilimitado, o teu céu abraçado ao meu mar...

E eu imagino um veleiro sem velas galgando os socalcos do douro, e imagino o teu corpo iluminado de sonhos e os sonhos vestidos de beijos, e os beijos, e os beijos nos meus lábios à espera da tua boca e a tua boca, e a tua boca adormecida no meu peito à espera que o céu se apague, e a noite, e da noite desça a tua mão embrulhada em estrelas de papel...

 

(Obrigado Pedro)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:05

25
Ago 12

Voar

sobre o feitiço dos teus olhos

pegar na tua mão

e navegar nas páginas de insónia do livro de poesia

com sabor a mar

e nos lábios

as sílabas amareladas que o silêncio tece

nos pergaminhos do desejo

 

voar

sobre o feitiço dos teus olhos

voar entre o fim de tarde na Ajuda

e a noite envergonhada no Bairro Alto

voar

voar nos teus olhos de telegrama

junto ao stop do borbulhar afagado dos teus loiros cabelos

da areia do deserto

 

voar

sobre o feitiço dos teus olhos

voar sem medo de cair nos espelhos da noite

com as cabeleiras postiças

e nas coxas as rimas desgovernadas de um lírio

que acompanham a morte em aço inoxidável

e finíssimos fios de luz

nos braços do xisto solitário

 

e o infinito amar

nas tuas mãos ruivas

e aos teus cabelos de pétala cansada

voar

abro a janela

e vou à procura do feitiço dos teus olhos

 

algures

dentro de um cubo de vidro

no fundo do mar

 

como todas as noites

 

(tristes e com medo dos espelhos invisíveis)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:26

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