Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

01
Ago 12

Não são reais as fotografias onde habito

e percebi que eu pertenço a um álbum

onde apenas o meu rosto abre-se aos silêncios

dos olhos camuflados do nitrogénio

 

percebi quando folheio as páginas emagrecidas dos aniversários em tristeza

que aquele miúdo com ar aparvalhado

deitado num carrinho de bebé

não sou eu

(ranhoso sem cabelo e chorão)

não sou eu

que cresci dentro de um álbum completamente só

 

(Não são reais as fotografias onde habito

e percebi que eu pertenço a um álbum

onde apenas o meu rosto abre-se aos silêncios

dos olhos camuflados do nitrogénio)

 

completamente só penso eu

porque nunca me lembro de dar a mão a quem quer que seja

ou

ou simplesmente a afagar o cabelo de uma árvore em silêncio

 

e acorda a noite

e a noite me afaga o cabelo

e a noite me ouve

e a noite me deseja

entre palavras cigarros e garrafas de vodka

e o papel de parede da insónia

nunca me esquece

e antes de eu adormecer

dá-me um beijo simplesmente no rosto que nunca foi meu

e vive

e vive dentro de um álbum de fotografias

com alguns pedacinhos de cola

 

e percebo que o mar

o mar e percebo

e percebo que nunca existiu o mar

e que eu não sou aquele ranhoso

raquítico

chorão

tinhoso

na fotografia com um crucifixo ao peito...

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:14

É perfeita

a neblina pintada de orvalho

nas clarabóias da floresta abandonada

seria deus perfeito

se não existissem estrelas no céu

e a noite não fosse construída de silêncios invisíveis

e cansados

e não amados

e abandonados

dos berros intestinais

à janela

sem passaporte para o abismo

 

é perfeita

a neblina invisível

que amarra os corações apaixonados

das serpentes que vivem dentro do cubo de vidro

 

e conseguirá a perfeição

apaixonar-se por uma árvore

caquética

e aposentada?

 

é perfeita a minha vida

(perfeitamente parva)

 

é perfeita

a neblina pintada de orvalho

nas clarabóias da floresta...

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:01

Lamentavelmente

eu fiquei sem ideias

e não sei o que fazer

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:18
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