Ao som inconstante das estrelas poisadas no céu inexistente e falso
em papel de tristeza
com cores de insónia
o som da tua voz
os teus livros e papeis e momentos junto à ribeira
o som da tua voz
escrita na sombra que alimenta as gargantas da neblina
com cores de insónia
a memória
da escrita sem palavras no desejo do teu corpo em delírio
demito-me de teu amante ausente
eu abaixo assinado juro solenemente pela minha honra acariciar o teu corpo de alface
com olhos de morango
e mamas de chocolate
o som da tua voz
em delírio
o teu corpo voa nos píncaros emagrecidos da loucura
ao desejo impugnado pelas mãos calejadas da lua
sirvo-me da sombra que serve para esconder Marroquinos
prostitutas vestidas de marinheiro
e capitães de areia
sem estandarte nem coragem de suicídio
e dou-me conta de o meu corpo são duzentos e seis ossos com óculos de sol
e ao peito
o crucifixo de infância que mais tarde deixei numa loja de penhores
para
para comprar heroína e papel de alumínio
para fumar quando passavam os barcos
regressados de ontem
com partida para amanhã
puxo de um cigarro
e sirvo-me da sombra que serve para esconder Marroquinos
prostitutas vestidas de marinheiro
e capitães de areia
para alimentar o meu vício de contar pássaros durante a noite.