Quarto escuro sem janela para o amor
quarta-feira
os cortinados da solidão vão para a lavandaria
e o néon suspenso no tecto adormeceu há três dias
escuro
provavelmente morreu de overdose
palavras murmuradas nas bocas locas de esperma
das putas em ziguezagues
que atravessam as ruas invisíveis da miséria
quarta-feira
o amor inventado nas janelas do quarto escuro
escuro
os meus olhos
quando acorda em mim o silêncio do orvalho
escuro
o meu coração sem flores
escuro
o meu coração acorrentado dentro do quarto escuro
e quarta-feira
eu
eu e os cortinados vamos para a lavandaria
eu
quarta-feira
deitado no quarto escuro à espera que cessem as sílabas no canelho
onde
onde dentro da noite se esconde a puta dos ziguezagues
escuro a quarta-feira dentro do quarto com cortinados de solidão...
(poema não revisto)