A mulher de prata
vive apaixonadamente pelo homem de chapa
com coração de xisto
eu
felizmente
não sou de prata
eu
felizmente
não sou de chapa
eu felizmente fui construído de solidão
que mata
e destrói os carris em direcção ao Rossio
como um veleiro de prata
com o coração de chapa
à deriva no rio
e a mulher de prata
com vergonha do homem de chapa
vive
vive entre as portas de bronze
que a noite tece no tear da dor
como a flor
no final de cada poema de amor
vive
a mulher de prata
com vergonha do homem de chapa
no corredor da morte.