Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

29
Ago 12

Friamente habitar no teu corpo

ardente

quando tropeço no mar

absorto

morto

sem vontade de acordar

 

friamente os sorrisos da alvorada

como cinco gaivotas envenenadas pelos silêncios da noite

amadas sobre o divã invisível poisado no pavimento sem esquinas de luz

nos corredores da morte

 

friamente o Tejo me engole quando mergulho dentro dos lençóis da solidão

um barco é impossível

nas coxas de um cacilheiro em direcção ao Seixal

e entra em mim o cheiro suficiente para me fazer sonhar

há a possibilidade de eu acordar no solo lunar da margem Sul

sentado numa pedra a imaginar palavras nas ardósias do infinito

 

serei feliz assim?

 

Metade de mim xisto

e a outra metade

pequenos grãos de pólen

nos desejos das abelhas

 

serei amado?

 

Quando todas as portas se encerram friamente

no sono das estrelas preguiçosas

alegremente

 

assim?

 

Serei?

 

Quando tropeço no mar

e de uma rosa de papel

um beijo acorda

abraçado a fios de nylon...

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:57

Agosto 2012
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