Há uma estrada de sentido único
que se alicerçou no meu quintal e cresceu e cresceu
cresceu tanto
cresceu até ao céu
e hoje
e hoje vive nos lábios da lua
e ao meio-dia
beija loucamente a estrela polar
há uma estrada de sentido único
com vista para o mar
quando os barcos rompem o salgado desejo da tua pele
em pedacinhos de amêndoa
(dizes que sou louco)
quando escrevo palavras no teu corpo de papel
pintado com sorrisos de sol
e pingos de neblina
antes de acordar o dia
quando escrevo as parvoíces na copa das árvores
e os pássaros das tuas tardes abraçada às oliveiras traquinas
suspensos nas cabras e nas ovelhas
coitadinhas
(dizes que sou louco)
coitadinhas das minhas palavras
quando o papel da tua pele
arde
transpira
evapora-se no meu sexo em cadências extintas na maré dos prazeres...
(poema não revisto)