Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Set 12

quando o corpo é um amontoado de destroços orgânicos

e o coração uma pedra de xisto romântica

entalada entre a montanha e o rio

à espera que desça a noite sobre os vinhedos desassossegados da manhã

 

quando o corpo se ergue para se abraçar na longínqua solidão

e o vento suave inventa bolhas de sabão

e palavras de amor

 

quando o rio se transforma em jardim

e as árvores vestem-se de pássaros

e nas ruas da cidade

constroem-se sonhos de meninos

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:14

02
Set 12

atravessávamos o espelho do amor

e com a tua mão entrelaçada na minha

viajávamos como crianças loucas

em direcção aos pontos de luz

 

brincávamos com os teus cabelos suspensos no topo das estrelas

e um silêncio lânguido crescia no coração de uma flor

vivíamos dentro de uma seara sem fronteiras

e éramos livres como os pássaros pintados no mural do esquecimento

 

os rios emagreciam

choravam

 

e longas filas de mel

adormeciam nas janelas da noite

os rios emagreciam

como emagrecem os meus sonhos

 

(e tenho a certeza que nunca irei abraçar-te).

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:04

01
Set 12

Escolho a primeira pedra do amanhecer

e abdico do desejo a que tenho direito

deixaram de me interessar os desejos e os sonhos

escolho a primeira pedra do amanhecer

e espero que os pássaros na acácia madrugada

desçam para junto do mar

e que da terra vermelha

cresçam as migalhas de suor que alimentam as estrelas sem nome

 

sem terra

sem destino

sem amigos

apenas entre as pedras da calçada

ruas desertas nas esplanadas imaginadas por um solitário louco

e mendigos com uma sebenta na algibeira

e cigarros de enrolar com que escrevem palavras

na sebenta sem terra sem destino sem amigos....

 

(as estrelas sem nome)

 

escolho a primeira pedra do amanhecer

e acredito que um dia

regressarei aos teus braços embrulhados no mar

no mar sem terra sem destino e sem amigos

um mar só meu

um mar com barcos de brincar

e papagaios de papel no céu nocturno da solidão

antes do cacimbo adormecer nos teus ossos de silêncio infância.

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:32

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