Milimetricamente encerrado num cubo fictício
com o tecto abraçado a integrais triplas
com desejos infinitos de água límpida da manhã
iluminam-se-me as mãos quando na minha rua sem saída
passam os teus olhos em pérola de amêndoa
e algodão doce
e o limo do cansaço
o eterno Etón dificilmente sairá da minha algibeira
milimetricamente as línguas de incenso
na janela do poema envenenado pelas sílabas assassinas
que a neblina semeou nas arcadas do sonho
penso dentro das noite escondidas nos fios de luz
que os teus lábios emanam na cegueira dos traços grossos da Lua
dentro do teu peito
absolvidos todos os palhaços de pano
com a flanela amarrotada
o azul silêncio das árvores
e a musicalidade do sorriso que deixas ficar sobre a mesa-de-cabeceira
na parede
na parede pregado o medo
que todas as palavras morram
porque
porque as palavras ressuscitam nas coxas do Mussulo.
(poema não revisto)