Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

06
Nov 12

Trazes de ti as chaves complexas da paixão

o vidro da madrugada nas árvores ou o amor

que submerso nas coxas do rio

o púbis equilátero do silêncio

na mão do espinho

à boca confusa da maçã

quando se desembaraça da gravidade

grave gravíssimo o planalto dos sonhos

 

e trazes de ti as chaves

da paixão e descem as gotinhas de desejo

na pele adensada de moluscos e fios de luz

quando da cidade choram as pontes

e todo o aço saudável

derrete na mão de deus

e dizes de ti em ti

os cansaços fictícios que os teus lábios desenham no leito dos amantes indefinidos

 

os ausentes

os oprimidos

os desgostosos dias de cimento

entre ventos e velas de mármore

em lápides

sem alimento

trazes de ti as chaves complexas da paixão

o vidro da madrugada nas árvores ou o amor

 

vem vêm vem ao destino marcado no xisto

vêm as águas preguiçosas do Outono

vêem-se águias e gaivotas e barcos

nas abelhas enferrujadas

vem vêm vem ao meu encontro

a tua língua sílaba doirada

em sol e da lua

à Primavera desejada...

 

E será que me ouves?

 

Francisco Luís Fontinha / 06-11-2012

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:09

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