Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Nov 12

O doce frio

emagrece o corpo embrulhado em desejo

fingindo-se de morto

e evapora-se nas frestas do olhar esverdeado

que o rio abraçado à janela

pinta nos lábios do poema,

 

é isto o amor

dois corpos

mergulhados no oceano de livros

é isto amar

caminhar sobre as nuvens

e sonhar,

 

amar a tua pele de cravo que Abril semeou

nas mãos de uma criança

quando dormia a cidade

amar o amor em doce frio

que o desejo consome dentro das estrelas azuis

e papeis ornamentais nas paredes do sofrimento,

 

acorda o cansaço

o doce frio

o abraço

que dos lábios crescem as noites infinitamente desencontradas

abraço-te

e desenho no teu doce frio corpo os uivos das madrugadas,

 

às vezes

as lágrimas de ti desaguam no meu rio inventado

não dou importância aos barcos sem motor

nem às flores sem cor

às vezes

às vezes disfarço-me de esqueleto com duzentos e seis ossos,

 

e fingindo-me de vivo

beijo-te loucamente sempre que posso

porque poucas vezes

às vezes fingindo-me de poema

deito a minha cabeça nos teus olhos

e adormeço entre sílabas e palavras e silêncios madrugadas...

 

(poema não revisto)

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 07-11-2012

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:21

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