Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Dez 12

As avenidas da solidão

que desço depois do pequeno-almoço

olho-me quando entram em mim as flores do inverno

e as tempestades que a noite putrificou dentro das esquinas complexas minhas mãos

olho-me

sentado

inerte

morto

um coitado

que passeia na tarde os murmúrios em ácidos cansaços beijos

ele descobre que o amor vive na escuridão das palavras

derretidas no açúcar invisível dos relógios de pulso,

 

silêncios beijos

os teus

sobre a impune geada das terras áridas transmontanas

a lareira morre na insónia tua boca

os desejos longínquos suspensos no tecto do prazer

prometendo números de circo

debaixo das árvores abandonadas pelas desertas esplanadas da madrugada

olho-me

sentado

inerte

morto

um coitado,

 

e não tens vergonha dos meus lábios de algodão

semeados na planície ínfima que a vida constrói

em cordões de sémen quando os vãos de escada descem às catacumbas dos sexos

magoados nas cansadas flores do inverno

as estrelas

as flores

o inferno

vêm dos distantes cais dos barcos de papel

silêncios beijos

os teus

os nossos corpos em decomposição

amam-se e desejam-se e no húmido pergaminho se transformam em poema.

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:52

Dezembro 2012
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