Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

21
Mar 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Inventaste a musicalidade do teu corpo

propositadamente

porque sabes que eu não percebo de música,

 

Inventaste as palavras difíceis

porque sabes que eu não sei o que são palavras difíceis

e tão pouco as sei prenunciar,

 

Inventaste o amor

acorrentado

a um deserto cais com flores de papel,

 

Inventaste as camas de pensão

e as janelas com vista para o mar

porque sabes que eu nunca vi o mar,

 

Inventaste-me quando existiam bancos de jardim

com ripas de madeira

onde alguém escreveu “Cuidado – Pintado de Fresco”,

 

E a tua saia transformou-se em listras vermelhas

com pétalas de morango

e beijos de açúcar,

 

Inventaste as minhas mãos

que quando acariciavam o teu corpo

desenhavam-lhe uma pauta musical com perfume de Primavera.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:57

Apetecia-me caçar grilos, acordou a bela Primavera, as palavras são grátis, apetecia-me, correr sobre os carris inanimados, moribundos e doentes, ou

Cansados,

Estás cansado meu querido?

Sim, talvez, sou capaz,

Cansado de caçar grilos onde à partida, nãos os há, emigraram para outra planície, partiram de mochila às costas, ombros em punho, Oiço-a (Ana Drago a falar para o boneco), porque os grilos, fugiram, emigraram, oiço na Antena 3 qualquer coisa relacionado com Filosofia, deve ser o tema da Prova Oral, mas mal oiço a palavra Filosofia

Doente, sabes o que tenho, estou doente,

Vou caçar grilos, tanto me faz que sejam do António, do Zé do Do ZIZIARINHO, interessa-vos o dono do grilo?

E claro que ela tem razão, gosto de a ouvir, mas neste momento estou mais interessado na caça voraz aos grilos dos terrenos baldios, lembro-me

Ainda te lembras, meu querido?

Gri Gri Gri tua casa não é aqui, e eu, parvalhão, de palhinha na mão a masturbar um buraco, outro parvalhão dizia-nos

Se urinarmos para o buraco ele sai, diga-se, diga-se o referido grilo, mas

Não saía, o gajo só não saía como certamente não estava lá, ela tem razão no que diz e eu gosto de a ouvir, e já na altura os grilos eram teimosos, mentirosos, fingidos, e já na altura

Meu meu querido, amas-me?

Claro que sim meu grilinhos, claro que sim,

Perdão?

(ah... o grilo não é do António, ah... o grilo não é do Zé, ah... então o grilo é do ZIZIARINHO?)

Pedimos

Perdão

Pelo sucedido,

Dentro de momentos voltamos à caça dos famosíssimos grilinhos das esparsas ruas com legumes e fruta da época, valeu-nos o regresso do outro, que com a sua voz melódica, todos, mas todos

Os grilos saíram da toca,

Ah,

Depois vinha o meu grande amigos dos Sorrisos, de mãos nos bolsos, olhava-me e em termos visuais quase nulos, dizia-nos

Não podem gritar nem ser agressivos com a palhinha no buraco, assusta-os, e a esta hora

Que tem a hora, pá?

Estão a sonhar,

A sonhar? Mas ouve lá oh risinhos, Os grilos sonham?

Claro que sim, os grilos, os pássaros, as árvores e as couves e os rios

E já agora, as pedras, não?

Claro que sim, também sonham,

Apetecia-me caçar grilos, acordou a bela Primavera, as palavras são grátis, apetecia-me, correr sobre os carris inanimados, moribundos e doentes, ou ouvir-lhe todos os discursos, ou

Pedimos perdão pelo sucedido, o texto segue dentro de momentos,

(ah... o grilo não é do António, ah... o grilo não é do Zé, ah... então o grilo é do ZIZIARINHO?)

Não, não venhas, não, não urines para o buraco

Parvalhões

Gri Gri Gri tua casa não é aqui, e claro que sim, sonham, como nós, e vós, ou

Pedimos perdão pelo sucedido, o texto segue dentro de momentos, os carris seguem dentro de momentos, alguns nunca mais seguirão porque uns parvalhões quaisquer tiraram-os, venderam-os, sucata, palavras malvadas nas algibeiras clandestinas da saudade, porcarias, estradas entre a noite e os queridos apaixonados pelos mais belos poemas de amor

Gostam de Amor?

Simmmmm...

E hoje,

Hoje?

Deixaram de passar comboios onde antigamente havia buracos, nesses buracos viviam grilos, esses grilos cantavam, e de mãos da algibeira regressava o meu grande amigo dos sorrisos, olhava-me, e dizia-me com se estivesse a escrever apaixonados lábios na seara de trigo

E respeitosamente,

Dizia-me

Não podem gritar nem ser agressivos com a palhinha no buraco, assusta-os, e a esta hora

Que tem a hora, pá?

Estão a sonhar,

A sonhar? Mas ouve lá oh risinhos, Os grilos sonham?

Claro que sim, os grilos, os pássaros, as árvores e as couves e os rios

E já agora, as pedras, não?

Claro que sim, também sonham,...

 

(ficção não revisto)

Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:44

A&M ART and Photos

A&M ART and Photos

Misturavas-te nos gomos de laranja das noites ensonadas em veneno Primaveril

dos laços de cristal adornavam-te o fino pescoço de arame invisível

havia sombras em ti

que só a minha boca saboreava

como a acorrentada imagem da madrugada antes de acordar,

 

Havia uma língua de prata

na boca teu sargaço que o mar engole

migalhas de mel e rebuçados de palavras

emergiam da tua leve mão solúvel na areia deserta da insónia

que os olhos negros procuravam nas gaivotas do engano,

 

Dizias-te flor eternamente perdida nas minhas loucas palavras

e mesmo assim

perdi-te sem perceber que nunca exististe

e que da chuva quando caías

desfazias-te em narcisos assustados,

 

Murmuravas nunca mais o meu nome

das minhas cansadas árvores sem palavras

e nada

nada que o mar não me dissesse

ou avisasse,

 

Nada parecendo felicidade

das janelas do pequeno abismo

são de ti as argolas dos pequenos gomos de laranja

que uma árvore me ofereceu

e eu e eu comia-as como se comem as grandes tardes sem literatura,

 

Quando uma lareira de vidro

vomita as chamas insensíveis das paixões de granito

que tu me ofereces invisivelmente

nas noites construídas de solidão

e miudezas no desprezo quando me cruzo no teu caminho enlatado,

 

O azedume adormecido do fruto proibido

e como eu precisava de roubar-te um sorriso

um olhar

uma sombra apenas de ti

sobre as pedras da calçada.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:05

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