Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Mai 13

foto: A&M ART and Photos

 

Mostra-me onde fica o mar, sussurra-me poemas como quando sinto os cortinados da minha janela, porque acorda o dia, a cintilarem, dançam entre vidros e sombras de luar, mostra-me, se não tiveres medo, onde fica a casa do amor, o silêncio do desejo, mostra-me, sem pudor das imagens, o mar, as palavras do mar, fica, não vás agora para a distante solidão dos desejos de amar, mostra-me, mostra-me o que é o amor, e eu, oferecer-te-ei este desenho, este desenho das minhas mãos, quando eu, ainda tinha mãos, e tu, vagueavas dentro da minha cabeça como os peixes no aquário da paixão; amar-me-ás? E se eu confessar-te entre murmúrios e sons melódicos que te amo... zangar-te-ás como fazem os pássaros quando lhes retiramos os cobertores nocturnos da geada? Guarda-o, e não tenhas medo, deste, dos outros, de tantos e tantos... desenhos meus, porque teus fantasmas são,

o branco negro da solidão, precisarei de lágrimas como tormentos meus para perceberes que a minha pobre embarcação, velha, cansada, começa, aos poucos de nada, a meter água, enche-se de medo, desassossego, e eu, espero-te desde ontem na ponte dos camuflados soldados de chocolate, lembras-te de mim, ainda?

São, todos teus, os tristes desenhos meus, porcarias sem nexo, e avança sobre mim a vergonha, a língua de fogo que a manhã transforma em dor, em poeira,

ai a poeira...!,

E não, não o digas mais, que a culpa foi dos morcegos, das equações de Einstein... porque não, não são os tectos da relatividade os culpados pela ausência de barcos na nossa cama, se ainda temos cama, sono, tempo para abraços, não, não foram os cansaços, culpados, prendam-me se for necessário, acorrentem-me a um cais de embarque, que eu, eu lanço-me ao mar, rio, onde vocês quiserem, mas... não culpes o Einstein

havíamos construído um casulo circular na profundidade do silêncio da areia, vestias-te de encarnado, a blusa, e das tuas velhas calças de ganga, ouviam-se-lhes ainda os gemidos da noite anterior, tínhamos medo, nós éramos o medo disfarçado de poesia, e inventávamos poemas nas descamadas conchas perfumadas dos moluscos envenenados por algas, ruídos de automóveis em confrontos desnecessários com os vizinhos do rés-do-chão, e tu, dizias-me

Amo-te,

eu, parvamente, engolia palavras, comia-as, como hoje almoço os livros que leio, como ontem dormíamos sobre os lençóis de seda com desejos prometidos, Amo-te, dizias-me tu, eu, e nós acreditávamos no largo das palmeiras, e enquanto te sentavas junto ao lago víamos os cisnes a dançarem nas encostas socalcos do Douro, havíamos

Amava-te, digo-o hoje, e comia-as, alimentavas-te de pequenas gotas de suor que o teu finíssimo corpo transbordava quando as minhas mãos

escrevias no meu corpo palavras, desenhavas-me e dizias-me que a tela dos meus seios, pequenos, ínfimos, tinham sussurrado o teu nome enquanto esperávamos pelo comboio para Alcântara, havia barcos estranhos nas nossas costas, crestados abraços, milímetros quadrados de tristeza, a saudade, escrevo-te, escrevo e peço-te que,

As minhas mãos, inventávamos sonhos e Primaveras, que

peço-te que não culpes o Einstein...

Que, e dizias-me, onde ficava o mar, sussurravas-me poemas como quando sinto os cortinados da minha janela, porque acorda o dia, a cintilarem, dançam entre vidros e sombras de luar, mostra-me, se não tiveres medo, onde fica a casa do amor, o silêncio do desejo, mostra-me, sem pudor das imagens, o mar, as palavras do mar, fica, não vás agora para a distante solidão dos desejos de amar, mostra-me, mostra-me o que é o amor, e eu, oferecer-te-ei este desenho, este desenho das minhas mãos, quando eu, ainda tinha mãos, e tu, vagueavas dentro da minha cabeça como os peixes no aquário da paixão; amar-me-ás?

peço-te que não culpes o Einstein... , e havíamos de cruzar os Oceanos arbustos que Belém aconchegava, e um rio,

Chorava,

tu choravas ensanguentando os meus braços de cinzentas lágrimas...

E choravas, sentia-te dentro dos lenços de papel.

 

(ficção não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:27

foto: A&M ART and Photos

 

Estás tão triste querida melancolia tarde de Domingo

o vento levanta-se dos teus anseios cabelos

como o mar se acorrenta nos teus abraços

dos belos castanhos beijos

e os medos vaiados pelos poemas teus olhos

que alimentam a tua boca em desejo,

 

Tão tristes as paredes ruínas que encobrem as tuas melodiosas canções de amar

sabendo tu que o amor é um Sábado disperso e cansado

comendo amêndoas recheadas com chocolate e pequenos versos

e grandes nadas

tão triste querida palavra que não sou capaz de pronunciar...

porque hoje é Domingo,

 

Porque hoje é melancolia adormecida

luz em pequenas lâminas de silêncio

sobejantes janelas sem os cortinados do dia...

uma ardósia encolhe-se-te no centro dos teus seios

e todas as palavras de amor

choram como crianças arrependidas...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:49

foto: A&M ART and Photos

 

Percebiam-se-te cansaços que o tempo alimentava

flores dispersas como sandes de solidão

sobre uma cama encharcada

fina distância a janela da paixão

que a noite alicerçava,

 

E a fome

meu amor madrugada

que nuvens vorazes galopavam nas searas abandonadas

e a fome das coisas prometidas

dos livros murmúrios palavras,

 

Amor... lâminas de vidro que a espuma do mar recordava

entre a loucura e as lâmpadas do silêncio encardido dos candeeiros cadáveres

amor só como areia dispersa na imensidão da poesia

de dia

o amor... amor que não amava,

 

E desejava

sabia-te adormecida nos confins sulcos que o estômago rejeitava

vogais sílabas e imagens do teu corpo imprimido no céu petroleiro

e sobejava sabia-te dorida pelas mãos das ilhargas madeiras da Primavera

que o meu coração imaginava,

 

Chorava-te como lulas grelhadas

dentro da barcaça da alvorada

percebiam-se-te cansaços e limonadas

como este maldito zumbido da esplanada criança tristemente apaixonada

tristemente... recheada nos lábios teus finos beijos que as pétalas do amor o vento transportava...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:43

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