foto: A&M ART and Photos
Tudo é tão pouco dentro de mim
quando vejo este meu navio enferrujado mergulhar
suspenso numa árvore de cartolina colorida
cansado
amargurado porque dizem-lhe que deixou de haver mar
como o escrevem nas paredes invisíveis
que jamais existirá amor
os homens e as mulheres todos morrerão
todos os barcos se afundarão
e haverá eternamente mar
e amor
palavras e versos sem sentido contra as nuvens do amanhecer,
Tudo é tão pouco e tão vago
como as ruas triste de uma cidade sem coração
com todas as janelas enceradas
portões de entrada
sótãos e escadas em madeira
que é tão pouco
dentro de mim
como um rio sem fim
vagueando sobre as oliveiras dos silêncios
este meu corpo de sílaba adormecida
poisado nu sobre o papel de embrulho
que servirá como teu lençol nos divãs do desejo...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha