foto: A&M ART and Photos
Silêncio
liberdade de ter
e não possuir
silêncio
quando acorda a solidão
e a triste insónia
mergulha
afável
nas tuas coxas de água salgada
silêncio
quando o teu corpo é pó
deambulando entre os crucifixos em madeira
e sorriem enquanto fazemos amor
e olhas-me como se eu fosse um pincel de areia
sem lábios nem pálpebras
quando semeadas na esfera do desejo
silêncio... que te vou amar
silêncio
liberdade de ter
e não possuir
silêncio
transformado em voo nocturno sobre os pássaros do teu púbis...
silêncio cansaço em trapézios de transversais seios dispersos no teu corpo
e da alvorada
nada
possuir-te nas mãos encardidas pelos beijos da tua sagrada boca
silêncio porque ao desejar-te
todos os vidros
estilhaçam
partem
em finas películas de dor
e tu desapareces nas asas... do silêncio
amor
pequenas palavras no equilíbrio da madrugada
há silêncio
não há louco ou louca ou pássaro...
apenas penugem e silêncio vento em teus cabelos cinzentos
amor... do silêncio
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha