Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Jul 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Deleite corpo embrulhado na bruma poesia

que do mar em silêncio espuma

as minhas mãos de seda percebiam a fantasia

do olhar eu sentia

o vento soprar

que me fazia sofrer...

e eu sofria

tinha sorrisos de amar

e lágrimas de morrer...

levantar-me das nuvens Margaridas

como vidros em desassossego entre tardes perdidas

e noites de medo.

 

(não Revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:27

in Palavras de Cristal - Francisco Luís Fontinha

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:48

foto de: A&M ART and Photos

 

Deixemos de ouvir os comboios das tardes de verão, os apitos uivos transformaram-se em palavras tontas, vagabundas ruas com sonoralidade abstracta, olhos azuis os da noite quando vinham as gaivotas às mãos das desnorteadas horas sem regresso com sabor a poesia, e sorrisos lábios poisados sobre a vadia areia das cavernas flores que a madrugada alimentava, e depois, vomitava como vapor da velha máquina ferrugenta fingindo engolir o negro carvão como seara de trigo se tratasse..., ouvíamos, não, apenas eu ouvia os ditongos, não, apenas eu percebia as velhas sílabas em danças de salão, ouvíamos música, não, eu ouvia música, eu

(rua dos segredos, número cinco, rés-do-chão, Lisboa)

Eu fartei-me dos comboios, das máquinas enferrujadas e dos silêncios das tuas velhas madeixas, digamos que... cansei-me de ti, das tuas horrendas letras travestidas em palavras, palavras, palavras, velhas, sempre velhas, comboios... barcaças, e migalhas sobre a mesa da cozinha,

Fumegava em soluços a cansada lareira,

(rua dos segredos, número cinco, rés-do-chão, Lisboa)

Digamos que não passas de um esqueleto de arame dobrado sobre a cidade, prendias-te a um edifício granítico, de um lado, e do outro, percebia-se pela marca do teu pulso que estavas suspensa a uma ratoeira invisível com janelas circulares, o teu corpo parecia um petroleiro fundeado dentro do Tejo junto à dentadura em Marfim de Almada, do outro lados, eu,

Eu percebia que nunca mais comboios, eu percebia que nunca mais ruas curvilíneas, de sentido único, sem banco em madeira, sem flores, sem jardins..., sem meninos e meninas a brincarem aos comboios eléctricos, eu percebia que nunca mais os soluços que fumegavam da cansada lareira em triste insónia, e que a paixão e o amor...

Eu

Digamos que não passas de um esqueleto de arame dobrado sobre a cidade, uma esfarrapada bandeira que o mastro de um veleiro transporta, gaivotas, elas, também esquecidas dos apitos uivos, elas também, as madames, vestidas com folhas de jornal, e passeando-se nos carris envenenados da cidade canibal, e sabíamos que na rua dos segredos, número cinco, rés-do-chão, Lisboa, havia tambores em desvairados transparentes rufos, eu não te merecia, só, eu, apenas eu, não eu, apenas eu,

Eu?

Só porque o quero...

Deixemos de ouvir os comboios das tardes de verão, os apitos uivos transformaram-se em palavras tontas, vagabundas ruas com sonoralidade abstracta, olhos azuis os da noite quando vinham as gaivotas às mãos das desnorteadas horas sem regresso com sabor a poesia, a fome em palavras atravessava-me e apanhava-me sempre quando eu

Eu?

Quando eu sentado numa esplanada, ouvia os apitos uivos das máquinas ferrugentas, os barcos ao aço carbono, como trepadeiras subindo pelas escadas do sótão até chegarem ao céu, uivavas, gemias, parecias a locomotiva vaidosa que brincava entre o trigo e o sorriso, eu, lindo, queixava-me que a tua sombra era uma estátua de pedra, uma rocha colorida com olhos de manteiga, eu...

Eu? E que a paixão e o amor...

Só porque o quero...

… levemente distante das chuvas fumegantes das esplanadas com cadeiras plastificadas, os livros, ardiam na lareira que há pouco te falei

Lembras-te?

Eu?

Deixei de os amar,

Deixemos de perceber porque nasciam sorrisos quando deviam crescer lágrimas, e que a lareira só existia porque ainda não tinha regressado de ontem a Primavera de hoje, e o vento trazia-nos as poucas migalhas que sobejaram das sangrentas viagens ao inferno dos peixes; os teus peixes e as tuas algas.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:04

foto de: A&M ART and Photos

 

Tínhamos Mabecos sobre os joelhos

e uma fina cortina de Cacimbo

balançava sobre o teu cabelo negro

havia espuma

brumas árvores em cio

havia um triste rio

deitado nos teus seios apaixonados pela madrugada

tínhamos pedaços de silêncio nas pálpebras nocturnas do desejo

e sabíamos que era a última nossa noite...

choravam as janelas viradas para o Tejo

e os barcos magoados brincavam na cidade suicidada

que os Mabecos iluminavam com o olhar da solidão...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:55

26
Jul 13

desenho de: Francisco Luís Fontinha

 

Desenhaste-me nas esfinges manhãs de Inverno

procuraste uma tela vazia

construíste-me em mendigo acrílico com coloridos ombros de porcelana

pintados à mão,

 

(Fui o que nunca quis ser

sou tudo aquilo que tu nunca quiseste que eu fosse...)

 

Desenhaste-me em murais que ultrapassavam os edifícios em ruína na cidade das gaivotas

sentei-me em ruas onde tudo se vendia

o corpo flores drogas álcool e amores

livros e papel de embrulho

desenhos e merdas sem sentido

porcarias vãs

vadias entre as pernas alicerçadas aos tambores de choque

envaidecias-te

eras nobre como um donzela puta de adorno...

e os jardins cansavam-se de ti como velhos sorrisos

sonâmbulos das ínfimas janelas

e entrava-nos na sala de jantar o enfeitiçado mar...

 

Um cheiro horrendo

barcos vomitando saliva esbranquiçada

lágrimas

e muitas estrelas

todas elas

embriagadas,

 

Desenhaste-me como se eu fosse um boneco de palha

um cabrão mal vestido

de fato

gravata

e sapato bicudo afiado reluzente como um espelho da feira popular...

chorudas mulheres de açúcar

dormindo em roulotes como gazelas em sexos murchos que os finos pinheiros de Carvalhais...

lançam

deixam ficar sobre a tua pele...

todas as palavras de adeus...

Adeus

Até nunca mais me desenhares nos murais das montanhas de aço,

 

Desenhaste-me nas esfinges manhãs de Inverno

procuraste uma tela vazia

construíste-me em mendigo acrílico com coloridos ombros de porcelana

pintados à mão,

 

(Fui o que nunca quis ser

sou tudo aquilo que tu nunca quiseste que eu fosse...)

 

Desenhares-me invisível

sem saberes quem sou

como penso

vivo

se tenho sonhos

consegues perceber os meus lamentos?

 

Fui tanta porcaria...

cavaleiro

donzela

prostituto

pintor

escritor

abelha tonta tonta como ela... ela tão bela...

e tudo porque me desenhaste nos murais das montanhas de aço,

 

E poeta não o sou

talvez o seja quando se apercebe em mim um silêncio de loucura

devaneio

os peneirentos pássaros que as arcadas do desassossego escondem

constroem e inventam insónias em papel como pobres flores de arremesso...

 

Desenhares-me em toda a porcaria livre

nas calçadas

nas ruas e ruelas

cansadas...

desenhas-me como se eu fosse um esqueleto de amêndoa

suspenso nas três horas da madrugada...

nas calçadas

ruas

e ruelas

sou

nunca o fui

desejo-o como se ele fosse um abutre de asas cinzentas,

 

Sou

fui nunca

poeta pintor escritor porque nunca deixei de o ser...

malabarista de primeira classe... diplomado.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:15

25
Jul 13

É com enorme prazer e alegria que participarei com poemas meus na “Poesia Sem Gavetas- Aqui há Poetas, Parte II. Obrigado. Apresentação dia 14 de Setembro em Lisboa.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:05

desenho de: Francisco Luís Fontinha

 

Dirigi, atravessei fronteiras antes inultrapassáveis, subi muros, desci avenidas, ergui-me, caí, voltei a erguer-me e novamente caí, escrevia, riscava, rasgava... fazia arder a manhã misturada em pedaços de cacimbo e tecidos vagabundos, fui uma ilha, fui uma rocha, fui um longo cubo com lábios triangulares, fui seno, fui cosseno, vivi em união de facto com a tangente, fui amante, de noite, as clandestinas visitas à cotangente..., e do círculo trigonométrico..., nada restou, depois, da tempestade, nuvens, chuva entrando em nós, de ti, uma pedra mármore com a tua fotografia, diz lá

O quê?

Eterna saudade de nós..., de mim, em ti, dirigi, suicidei-me, atravessei antes inultrapassáveis ruas, hoje, escuras, ardósias como ninguém percebeu, que um dia qualquer, um dia, ao lado do café, um miúdo, miúdo com sandálias de couro, percebeu, percebi, que a morte entrava-nos, e levava-te como levou todas as árvores que dormiam sobre as nossas sombras, dilatavam-se as tuas pálpebras, dirigi, adormeci, acordei num jardim recheado de zínias, fui feliz, infeliz, fui feliz, fui agreste, montanha, passeio pedestre, fui

O quê?

Ratazanas

Dirigi, vivi sobrevoando canteiros e riachos, sobrevivi aos beijos assassinos dos guindastes de chumbo, naveguei, cruzei oceanos como se eu fosse uma leve e tranquila folha de alumínio com uma bolha castanha, andava, ia a cima, descia, vinha a baixo, sentava-me, despedia-me, levantava-me, erguia-me... e caía,

As ratazanas amigas, amigos, protestantes e mendigos, vivi, fui vivendo, dirigi e atravessei o teu corpo transparente embrulhado em jornais envelhecidos, tinhas rugas, usavas sapatos cambados, e fui aprendendo a ultrapassar, dirigi, fui roupeiro, cobertor, homem espantalho, fui há muito tempo

Palhaço,

O quê? O que têm as ratazanas?

Palhaços, cabelos de fino arame, fui trapezista, vendi pipocas, corri avenidas em tristes engates, fui ratazana, fui praia, areia, ou barco, fui aço, fui âncora, palhaço, circo, pedestal, dirigi, cansei-me de olhar o rio, cansei-me de colocar a minha pobre mão na salgada água, lembras-me o mar, o ébano eu?

O quê?

Tínhamos zínias, cheirava em nosso redor a Primavera embriagada, desconfiávamos que o amor tinha algures um ninho num dos ramos da árvore de papel do nosso quintal onde brincávamos em meninos, não dávamos importância alguma aos pêssegos, às laranjas, às roulotes com lentes de contacto, um parvalhão de fita métrica na mão assaltava transeunte, chovia, não sabíamos, eu desconfiava dos vidros das janelas da casa das ratazanas,

Eu? Não sabia...

Desconfiava apenas,

Ratazanas, zínias enraivecidas com dentes de marfim afiados, metadona desconfiada, sem dono e abandonada, tudo se vende, tudo se compra, o zinco em chapas, os telhados em vidro, as barracas

Quais barracas?

As casas, húmidas, vivendo-se dias desenhados sobre a areia molhada, vinha o vento... e nada, tudo desaparecia, tudo se deitava, dormia, dormiam as zínias, as ratazanas, a mulheres-a-dias e as concubinas..., o quê? Eu? Não o sei... como o poderia saber,

Que horas são, hoje, mulher do mar, de mar, ao mar,

Desculpa?

Que horas são, mulher-a-dias, veleiro carrancudo, com velas de assobio, o circo, as tuas mãos desprezíveis, íngremes como as calçadas nocturnas das cidades escuras, desculpa...

Feldspato?

Não o sei, pergunta ao gerente da barraca, talvez ele saiba...

Gosto, não gosto... pelas dúvidas... deixo-te um like sobre as sobrancelhas, e

Dirigi e caí,

Me levantei, voltei a cair, e caí, me ergui, e me pendurei no teu pescoço de galinha envenenada, serpente, crocodilo, em madeira, em bom estado, vende-se dentadura postiça, primeira mão, em prestações, trinta e seis suaves, como lírios, como zínias, cachorros e cadelas e trapezistas e palhaços e trompetes de aço, me levantei, eu, e para quê?

Me sentei em ti, dormi, envelheci, e quando acordei, tu, vestida de mar..., me seduzi, me engatei nos laços transversais dos parafusos encalhados, fui, vou-me a ela, fui rua, donzela, fui... e nua, nua a tua doce madrugada.

Dirigi. Menti. Atravessei fronteiras antes inultrapassáveis, subi muros, desci avenidas, ergui-me, caí, voltei a erguer-me e novamente caí, escrevia, riscava, rasgava... tudo, tudo para nada.

(texto, ficção, vida, desenho, arte, zínias, jardins, amor, Primavera, tudo, e nada, pouca coisa, desenvergonhada, ela, paixão de areia, homens de vidro, cabelos frios e secos, mendigos).

 

(não revisto – quase ficção)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:21

24
Jul 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Me desencontro na encruzilhada dos teus braços,

Pergunto-me, quem és?

Ninguém sabe, ninguém percebe porque são os teus lábios doces e a tua boca tem o sabor da Primavera, ninguém sabe quem és, o que fazes entre as flores mais belas dos jardins imaginários, mas dizem-me que te veste de noite, que passeias em frente ao mar com sorriso de gaivota, dizem-me, porque sinceramente... confesso... não sei, quem és tu?

Os barcos são de papel, os rios vasos comunicantes, abraçados, ou não, braços de prata com pulseiras de xisto, montanhas desgovernadas, montanhas solitárias, que os teus olhos tão bem conhecem, e eu, não

Não dizias que havia mar dentro da algibeira dos sonhos?

E tu, que fazes disfarçado de homem do circo, como palhaço, trapezista, como malabarista ou... ilusionista, sim, diz-me tu, quem és, o que fazes, porque são azuis os teus olhos? E eu, não, não percebo, não entendo a madrugada quando não acorda, cerra os olhos, as portas e as janelas, morre-se dentro da cidade como ardem pedaços de papel, e tu, e tu o que fazes?

Nada, indiferente, ausente de mim, e no entanto... nem sei quem és...

Uma cegonha de incenso invade a tua privacidade, iluminam-se-te os pretos cabelos com folhas de pequenas lâminas de luz... há rochas incompletas dentro de hipercubos à beira da paixão, há triângulos de desejo no centro do teu círculo púbis, e eu, sem saber quem és, onde moras, o que fazes dentro do mar com velas de linho,

Barcaça?

Me desencontro na encruzilhada dos teus braços, permaneço impávido como uma cerejeira na sombras dos castelos de areia, finjo morrer e fujo para o outro lado da montanha, desenho linhas, muitas linhas no térreo pavimento, sou só, solitáriamente só, sou como as árvores antes de nascerem, sou nuvem, e tu, quem és,

Quem és, mar ausente dos barcos transversais das janelas de Janeiro, tu, heroína das pesadas roldanas nas tempestades verticais quando os cortinados caem sobre o azul olhar da Princesa manhã, saberias acariciar-me com os teus dedos de seda se ouvisses o borbulhar das malignas gotas de suor do amanhecer desconhecido? Tu?

Eu, barcaça?

Sim, tu, tu aí... mulher de ébano!

Não dizias que havia mar dentro da algibeira dos sonhos? E o amor, como será o amor vivido dentro dele, tu, ou eu, ambos, mergulhados em espuma de insónia... como dos corredores longínquos dos seios teus perdidos nas catacumbas da paixão,

Amar-me-ás, um dia? Apenas num qualquer dia..., numa qualquer cidade...

Tu, barcaça?

Eu, o quê? Sim... tu, uma barcaça desnorteada enrolada em ventos convexos e pulmonares corações de silêncio; o teu. O Teu simples silêncio...

 

(não revisto – ficção?)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:20

Desenho de: Francisco Luís Fontinha

 

Há uma cidade com janelas de vidro

tem ruas e pessoas

há uma cidade com jardins invisíveis

e marés transparentes... que nem todas as pessoas

as pessoas dessa cidade

… há uma cidade

que nem todas as conseguem olhar

como persianas marteladas em papel hortelã,

 

Há marinheiros

filhos da cidade

vagabundos dos mares inavegáveis como rochas íngremes nas estradas de brincar...

há uma pobre cidade com braços de porcelana

e palmeiras

e pássaros...

há uma cidade em penumbras madrugadas

uma cidade embriagada,

 

Há uma cidade que renasceu do teu olhar sobre a ponte inoxidável...

uma cidade com seios prateados e coxas de plátano...

há conversas perdidas nas sombras desta cidade

uma cidade com beijos de lábios em néon imaginário

e pássaros

e palmeiras

há uma cidade com janelas de vidro

e toalhas de linho... sobre a mesa nocturna dos sexos débeis das flores perdidas na calçada...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:37

23
Jul 13

desenho de: Francisco Luís Fontinha

 

Tinhas na boca o perfeito cubo de gelo, era noite e estava vestida com um pano negro com finas lâminas de seda, havia entre nós um muro de ardósia com desenhos desconexos, três, de cima para baixo, três frases suspensas numa madrugada inventada, desleal, dislexia, complexa talvez, como voláteis vapores de enxofre sobrevoando as janelas do pedestal granítico da escada que existia nas traseiras dos cais... e entre nós e o muro, uma canção, o orgulho em beijos fatias recheadas com doce de abóbora, as sandálias tuas perdidamente perdidas na camuflada relva clandestina dos amanheceres sem ordem, dos amanheceres vagabundos, e sujos,

Tinhas,

O perfeito cubo de gelo, era noite e estava vestida com um pano negro com finas lâminas de seda, as tristes árvores dos teus cabelos em pequenas labaredas que a lareira dos sonhos forjava consoante os minutos suicidados na ponte Romana que servia simplesmente para atravessarmos a ribeira sem nome, passado, esquecíamos-nos dos relógios de pulso que as cavernas de areia engoliam como simples, complexos, dislexia... rebuçados de açúcar doirado,

Fumo,

Havia em ti âncoras de silêncio e porcelanas manhãs de chuva ensanguentada como ontem, depois dos parafusos que ajudavam a suster o muro, o tal que estava entre nós... simplesmente, complexo, dislexia... desapareceram, ruíram como castelo de xisto descendo socalcos embriagados...

Tinhas na boca...

E perdia a paciência para mordiscar os teus lábios, hoje, rochas, ontem, ontem chovia, e trazias todas as lágrimas embebidas no teu vestido de chita, com rosas encarnadas, havia em ti... círculos, cubos de gelo na tua boca, e não sinto saudades da Primavera, e não sinto saudades das tardes debaixo das mangueiras...

Tinhas na boca,

Tinhas,

As âncoras de silêncio dos finais de tarde dentro de mim.

 

@Francisco Luís Fontinha

(não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:29

Julho 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO