Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

17
Ago 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Faltam-me as drageias comestíveis da paixão

reescritas no corpo incenso que a tempestade leva

longe chegam as nuvens tristes

silenciosas

tâmaras teus olhos prisioneiros de mim

tuas mãos de porcelana

amam

fazem sexo com as minhas mãos de areia

inventas-te como inventaste a chuva

como inventaste as janelas viradas para o mar

transgénicos barcos navegando em teus seios de prata

com velas de púbis desgovernados dentro do fumo incandescente do amanhecer,

 

Amávamos-nos como duas árvores de papel

aprisionadas a um cordel...

 

Faltam-me as drageias comestíveis da paixão

como uma cidade que arde dentro de ti

incendeias-te vomitando as palavras proibidas

gemidas da tua boca

em loucas avenidas

correndo subindo correndo e subindo...

como guindastes de ossos procurando o prazer nos sexos dos marinheiros

mórbidos entre o cais

e os travestidos bares do amor

cai o cortinado do teu peito

e encerra-se para sempre o desejo em ti

das tristes janelas viradas para o mar.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 17 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:32

foto de: A&M ART and Photos

 

As hormonas fervilham, cobre-se a lua com um fino manto de sémen, há delírios dentro dos calções brancos, tínhamos deixado na atmosfera um leve e intenso cheiro a sonho e a desilusão, ela diz que o dinheiro tudo compra, eu

Não o tenho,

Ela diz que eu

Tu nada podes comprar,

Vende-se, prostitui-se intelectualmente como se tratasse de um livro ainda por escrever, as hormonas

Fervilham,

Transparente como a chuva depois de se masturbar sobre os zinco telhados das sanzalas, a sombra desce da cidade, cobre os ombros da mulher emagrecida, triste, como o tecido depois de molhado, depois

Fervilham,

Diz ela,

Porque para mim, um simples aldeão esquecido no musseque da escuridão, não fervilham hormonas, nunca existiram os calções brancos, nunca... como o sabor da manga depois de dissipado o Cacimbo das margens íngremes do rio, mabecos, girafas, zonzos, todos os bichos da selva, lá fora fumava-se erva e outras raízes, que só

Diz ela

Fervilham as hormonas,

Ai se não fervilham, que só em África existem, que só em África fervilham, e diz ela, que a cidade dorme, extingue-se no silêncio vestido de cansaço, acabam-se as realidades virtuais, e começam verdadeiramente os

(nem uma foto de calções brancos encontro, coloco a mulher onde quando em criança rabisquei todo o seu corpo, tinha... cerca de cinco anos, pobre, sem dinheiro, e ela, ela deixou-o fazer, por caridade, por nada)

Textos infestados por pequenos insectos, os calções, os calções brancos dançam no interior do ânus ao som de Pink Floyd, o escritor lê poemas de AL Berto e alguns textos de Luiz Pacheco, cobre-se a lua com um fino manto de sémen, há delírios dentro dos calções brancos, tínhamos deixado na atmosfera um leve e intenso cheiro a sonho e a desilusão, ela diz que o dinheiro tudo compra, eu

Não o tenho,

Ela diz que eu sou um sonhador perpétuo, difícil de construir, fui feito a partir do barro e dizem elas, lá do velho musseque, que,

Tu nada podes comprar,

Oiço-o dizer (“tão triste mário sobre o tejo um apito” - de AL Berto) e dos calções brancos, nada, nem barcos, âncoras, fins de tarde no Rossio, nada, nem o pobre cimento que segura as asas do vento, e tu

Diz ela

Nada podes comprar,

Não o tenho,

Ela diz que eu sou um sonhador perpétuo, difícil de construir, fui feito a partir do barro e dizem elas, lá do velho musseque, que, o barro é como o cristal, lindo e belo, só que... muito mais barato, ele diz-me que eu com cinco anos escrevi todo o corpo das películas em desejo que chegavam até mim, bebíamos, e comestíveis cinzentas neblinas junto ao porto camuflavam todos os barcos em regresso, e ficávamos

A ouvir o mar,

E ficávamos...

Simplesmente a ouvi-lo,

(“tão triste mário sobre o tejo um apito” - de AL Berto)

Fervilham as hormonas dentro dos finos calções brancos, (nem uma foto de calções brancos encontro, coloco a mulher onde quando em criança rabisquei todo o seu corpo, tinha... cerca de cinco anos, pobre, sem dinheiro, e ela, ela deixou-o fazer, por caridade, por nada), e uma nuvem de gelo entra porta adentro da miséria cubata invisível...

Uma placa sobre a porta de entrada,

“Há caracóis”, e vivíamos felizes como serpentes no interior do ânus abraçados à fina réstia em tecido dos calções brancos,

Definitivamente,

Hoje, Hoje há caracóis...

(“tão triste mário sobre o tejo um apito” - de AL Berto).

 

(não revisto – texto de ficção)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 17 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:52

foto de: A&M ART and Photos

 

as pedras castanhas filhas da noite cinzenta

fundem-se-lhe nas mãos clandestinas que a dor adormece

faz de conta que vive

sem viver

sem resmungar com os transeuntes vestidos de negro

que se fazem passear

entre os gladíolos do jardim da insónia

e a triste numeração da calçada sem memória,

 

caçávamos borboletas dentro do escuro quarto com janelas gradeadas

e o aço que antes gemia

hoje morto

derretido como os dedos do poeta amaldiçoado,

 

as pedras castanhas filhas da noite cinzenta

em vidros de pergaminho...

 

cinzentas as árvores de linho

que adormecem nos teus cortinados

a fome emerge

submerge

como pregos semeados na seara tua cama

as pedras castanhas... como ravinas de azoto...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 17 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:21

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