Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

24
Set 13

foto de: A&M ART and Photos

 

ouvíamos os mabecos embrulhados na insónia do amanhecer

e tínhamos sobre o imaginário silêncio

as palavras pergaminho de sons invisíveis que as árvores desenhavam nos teus lábios de gaivota apaixonada

tombavam como enxadas derramando suor e lágrimas nos socalcos do desejo

descendo o teu corpo

e mergulhando no rio como pequenos delírios de luz

 

ouvíamos os cubos de gelo gorgolando na tua garganta de caverna madrugada

e ao longe

o vento trazia-nos a flor embalsamada com pequenos colarinhos em prata

e uma mão desalmada

entranhava-se nas tuas coxas de xisto

o muro da solidão tombava

a árvore tombou

e as tuas mãos de porcelana

partiram-se enquanto a noite sorria à janela do cinzento cobertor da dor

como um longínquo fôlego caminhando nos carris da tristeza

ouvíamos

e ao longe a andorinha desassossego morria em pedaços de saudade e melancolia

 

ouvíamos...

chovia

a cansada abelha dos triângulos de chocolate

e ouvíamos

e chorávamos

as palavras sem palavras dos cigarros adormecidos em palavras semeadas

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 24 de Setembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:54

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