Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

18
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

dos lençóis da tristeza oiço os murmúrios que o cansaço deixa em mim

como conchas de sono pregadas na parede do desejo

o espelho que absorve os teus olhos é duplicado em migalhas de prata

e submergem

e suicidam-se

e não percebes que as entradas no silêncio o são proibidas

… inacessíveis

tristes

as nuvens castanhas com sabor a solução de luminol...

tangencias rectas crucificadas em ângulos trigonometricamente invisíveis

absortas

húmidas

 

queria ser uma sombra em granito

rompendo os soluços da noite

queria ser volátil

flor artificial junto à tua lápide

queria ser o túnel de vento

o buraco de minhoca

a teoria do caos...

a borboleta batendo as asas

e lá longe

os teus seios cintilando como avelãs

nozes

e fotografias envenenadas pelas lâmpadas de mármore

 

(não não tenho sorte nenhuma)

 

os triângulos da tua voz

são como grãos de areia mergulhados em sílabas melódicas

há conversas parvas entre copos de cerveja e perfume de vodka que um marinheiro Russo esqueceu na algibeira de um cargueiro com contentores de insónia

tenho medo de te encontrar e não entender o amanhecer que vive em ti

tenho medo do medo

medo de te amar e não saber que te amo

se é apenas amizade

vergonha de viver

ou... palavras apenas palavras sobejadas sobre a mesa da cozinha

dos lençóis da tristeza oiço os murmúrios que o cansaço deixa em mim

como conchas de sono pregadas na parede do desejo

 

 

(P.S. Amo os Pop Del Arte... como se eu fosse uma munição de areia e me entranhasse nos cobertores frios do teu corpo de solstício louco, lá fora chove, e eu quase que quero desaparecer sobre as árvores inconstantes da tua garganta, grito o teu nome, não percebem que existe um vagabundo igual a mim, que sofre, que ama, que vive fingindo viver... )



(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 18 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:14

Aqui Há Poetas – Poesia Sem Gavetas II

Participação de Francisco Luís Fontinha - Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:02

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