Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

14
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

poéticas madrugadas de ninguém

mergulhadas no mar parecendo um veleiro embriagado

coitado...

poéticas manhãs sem sentido que da vida absorvem as tristes palavras de viver

as tristes caligrafias embainhadas no sofrimento alheio...

pensava-te dentro do meu corpo de estanho

montanha arrefecida depois da explosão de insónias labaredas em lábios de incenso

as tristes

poéticas madrugadas de ninguém

porque o são adormecem sem o saber

comendo magoados corações de areia

e bebendo as tempestades das sanzalas com telhados de vidro

poéticas tuas mãos

que poisam sobre o meu ombro curvado na sombra nocturna dos corredores sem portas

há fotografias perdidas que acordam de vez em quando

hoje umas

amanhã...

… as outras

todas elas poéticas madrugadas de ninguém

que ardem

e se extinguem no sonho de uma criança

esquecida

perdida...

perdida dentro do curvilíneo livro da infância

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 14 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:21

Francisco Luís Fontinha - Alijó.
Participa na "Antologia SOLAR DOS POETAS - Volume I"

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:24

13
Out 13

foto de; A&M ART and Photos

 

poderíamos ter um cão

uma cabana na montanha

uma cama

uma canção

uma flor com sintomas de paixão

 

poderíamos ter o mar

os filhos e as filhas do mar

as maré e o pôr-do-sol

poderíamos ter um cão

um letreiro e a esmola do mendigo que sentado na calçada suspira como gente ofegante

 

um olhar penetra no teu corpo doirado

poderíamos ter um cão

uma cabana na montanha

um sofá com asas de carvão

poderíamos... mas não mas não um triste sorriso de adormecer

 

uma noite mal dormida

chuva

neblina

chuveiro depois de fazermos amor...

poderíamos

 

poderíamos ter um cão

um rio com lábios de sangue

uma gaivota poisada sobre os andaimes do tos teus seios...

poderíamos ter um cão

beijos e uma lanterna com fotografias de sonhar

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 13 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:17
tags: , ,

foto de: A&M ART and Photos

 

Nunca sei como começar, nunca sei porque me sento em frente a esta secretária, nunca sei porque escrevo estas palavras, às vezes, mortas, às vezes

Sem sentido?

Às vezes perco-me na escuridão do dia e acordo na neblina da noite, às vezes escondo-me nos rochedos do medo, outras vezes

Sem sentido?

As nozes caem como papelinhos de anjos mergulhadas no desespero de que as vê cair, e depois de inertes no chão ensanguentado de cascas e pequenas ervas daninhas, os olhos da papoila dançam canções de Domingo noite fora, tínhamos uma vara de aço, ouvíamos alguém na sombra a remexer os ramos escondidos nos alicerces da montanha, tínhamos frio, tínhamos o desejo de as comer, e ouvíamos de dentro da escuridão uma mão de cansaço parti-las com uma pedra ou com a dentadura postiça,

Sem sentido...

Às vezes?

Ficávamos abraçados a sentir a morte das nozes,

Nunca sei porque o faço, nunca sei porque o comecei a fazer, no passado, muitos anos antes de aqui e agora sentir o

Telintar das nozes?

Sem sentido, escrevo-te como se fosse a minha última vontade, e a minha ultima vontade é não ter vontade nenhuma, quero ser como fui, quero ser como nunca consegui ser, caminhar sem

Sentido?

Ouvimos-las descer o talude em direcção ao rio, em queda livre, elas parecem pássaros a despedirem-se dos voos nocturnos da paixão

Conheces alguém que tenha conseguido sobreviver ao impossível amor?

Os ratos,

As ratazanas doidas comem os macacos menos loucos, e eu, eu aqui a olhar o mar estampado nas prateleiras de uma longa e distante estante recheada de

Rochedos?

Vozes e nozes,

O mar, o mar vê-se e ouve-se e alimenta-se

De ti?

Não o creio, porque o teu corpo de cascalho tombou antes de elas caírem do céu, diziam-nos que as nozes tinham saborosas palavras que juntas

Poemas?

Rochedos?

Vozes e nozes,

O mar, o mar vê-se

Sente-se...

Sentido?

Prometi e não consigo cumprir, porque as nozes não o deixam, porque as vozes não mo deixam, porque não o consigo realizar, porque não sei

Como começar?

Era uma vez...

Não, não o quero, não o consigo fazer

Porque elas caem?

As ratazanas doidas comem os macacos menos loucos, e eu, eu aqui a olhar o mar estampado nas prateleiras de uma longa e distante estante recheada de

Rochedos?

Vozes e nozes,

O mar, o mar vê-se e ouve-se e alimenta-se e beija-me, o mar ama-me, o mar acaricia-me e deixa a minha pele desejada em palavras de caserna, da despensa ouvíamos as latas de conserva revoltadas porque hoje é Domingo, porque lá fora

Caem as nozes

E as vozes,

Fazes-me um bolo de chocolate com nozes e vozes e

Palavras?

Sim, sim,

Palavras inanimadas sobre a mesa da cozinha, e depois de fazermos amor, ouvimos-las...

Caírem sobre o talude da paixão,

Rolavam como serpentes sobre os lençóis húmidos que o teu corpo de solstício de Outono deixava ficar junto à janela onde a nogueira embriagada pela tempestade gritava uivos sons de

Palavras?

Sim, sim,

Não, não o consigo fazer, despedirem-me dos versos molhados, despedirem-me das pedras vestidas de branco e dançando no centro da noite de

Domingo? Tínhamos frio, tínhamos o desejo de as comer, e ouvíamos de dentro da escuridão uma mão de cansaço parti-las com uma pedra ou com a dentadura postiça,

Sem sentido...

Às vezes?

Que às vezes nada parece fazer sentido, depois do corpo adormecer e dos ossos magoados do miolo da noz...

As palavras ejaculam sílabas de arame.

 

(não revisto – ficção)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 13 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:42

12
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

tenho nas mãos a enxada da solidão

pronta a rasgar o silêncio do corpo embalsamado da insónia

tenho nas mãos o sorriso inocente das palavras adormecidas

tenho o papel de embrulho pronto para afagar as tuas lágrimas

que sobejam das tempestades vínicas do teu olhar em espelhos castanhos

oiço-os desalmadamente gritar contra o tabique dos sonhos em construção

vejo o teu cabelo voar sobre as ardósias invisíveis dos tentáculos da paixão

tenho nas mãos o sabor dos teus lábios

 

a garganta da tua voz embrulhada em cortinados de areia

o teu púbis mergulha no mosto pergaminho dos beijos embainhados

oiço-os

e vejo-os

tenho dentro de mim os sargaços montes de xisto

onde escrevo as tuas coxas pérfidas dos pássaros sem amanhecer...

tenho nas mãos as nuvens dos teus seios

como lâmpadas fundidas brincando em cada nova madrugada

 

tenho a canção do desejo

dispo-te desajeitadamente sem perceber os sons melódicos das falsas flores

tenho-as sobre a mesa-de-cabeceira como se elas fossem um livro em despedida

ou

ou uma andorinha vagueando nas tuas nádegas de porcelana

ou

tenho nas mãos os simples rolamentos das cristalinas janelas de zinco

oiço-os e vejo-os e amo-os...

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 12 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

11
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

és construção fictícia

és palavra engasgada na frase da alegria

és foguetão rumo ao luar de Inverno

és o inferno

a saudade

és a infância

a vaidade

és uma canção mergulhada na maré

és o amor

a fé

a saudade

és a infância

a verdade

és a madrugada quando se extinguem as luzes do silêncio

és a calçada com pulmões de naftalina

carvão

és menina

és a paixão...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 11 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:38

10
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

sou um desalmado corpo suspenso nas madrugadas de adormecer

corro sem saber que dentro do vento

uma árvore morre

e um pássaro

filho do amanhecer

saltita sobre os muros das cidades de xisto

 

sou estes olhos que te lêem e estas mãos que te folheiam

brincam com as tuas palavras desconexas

sou a enxada que transportas dentro de ti

sou um desalmado corpo

perfumado pelos cansaços dos telhados de chocolate

sou a não vaidade

 

as sílabas castanhas dos cortinados sem janelas

sou as caricias tuas quando um espelho fica em migalhas

o teu corpo voa e esconde-se na neblina de um quarto alugado

sobes as escadas e bates à porta

… sou um desalmado homem que vive no duzentos e dezasseis

envergonhado de mim quando procuro os cigarros adormecidos nos cinzeiros das montanhas

 

abraçava-te e sabia-te volátil como serpentes enroladas nos tornozelos da tarde

ouvíamos as canções dos mendigos sentados sobre as lágrimas do silêncio

havia música com bata-frita e amêndoas grelhadas e cheirávamos as réstias sebentas com versos sós e magoados pelos copos vazios da vodka abandonada pelas flores de papel

sou um desalmado corpo suspenso nas madrugadas de adormecer

corro sem saber que dentro do vento

 

uma mulher vestida de negro

não alegre

não gaivota procurando os montes da paixão esquecida nos tentáculos dos braços de aço

que sobem as calçadas como corredores da morte

sou o milagre escondido que todas as mulheres tentam sobreviver

sou um pedaço de pedra deitado numa cama abandonada

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 10 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:43

09
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

são intensos

são mórbidos como sílabas de falsa prata

são comestíveis como os peixes do teu lago

no centro do teu jardim

são invisíveis

são caracteres desconhecidos que descem dos teus lábios...

são tristes as noites tua chuva

quando os alicerces de uma canção

caiem na escada de acesso ao sótão da solidão

são tristes

os corredores do teu coração

os olhos sem cor

 

tristes

de ti e em ti

são intensos

lindos

cansados

castanhos belos

apaixonados

como gargantas volúpias em desgovernados uivos

 

e beijos loucos nas cavernas dos púbis encarcerados

são intensos

são complicados

distantes noites

manhãs sem literatura

poesia adormecida

sem ternura

vadia

mendiga

são intensos

lamentos

os silêncios da insónia mergulhada na tua mão de cinza depravada

 

são rios

mares com algas voando entre as rochas

são frias

nocturnas

sexos evaporados nas lanternas de cartão

são destemidos

intensos

os vampiros da paixão

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 9 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:12

08
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

não sei como és

não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor

não entendo a tua presença nas andorinhas em flor

não o sei

como és

ou... se o és

também

tu

uma flor

não sei como és

nuvem

ou simples pedaço de xisto

 

não como és

não percebo o porquê dos teus sete pecados mortais

das avenidas embainhadas

nas madrugadas

como és

ou se... és o que eu acredito que o sejas

uma gaivota disfarçada de veleiro

muitas fotografias esquecidas nos jornais

e no entanto

não sabendo como és...

acredito nos espelhos com abraços em aço Janeiro

não como o és

 

mas... seres o vento

uma janela mal fechada

um pérfido edifício em ruínas

como tu

eu

o és...

somos esqueletos vagabundos mergulhados no mosto cerâmico da paixão

mas... seres o vento

o amanhecer construído por jangadas de vidro

montanhas encarnadas

ribeiras

feiticeiras

 

ou... simples palavras

adornadas nas esquinas prateadas

não sei

como

o

és

não percebo as acácias em flor

os julgamentos complexos por aviadores com capacetes de cartão

escrituras

letras e letras e uma mão sobre o teu rosto envenenado pela insónia

não sei como és

não percebo das tuas sombras a neblina das rosas ao amor

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 8 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:09

07
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Um corpo estaticamente só, um corpo submerso nas sílabas do desejo, um corpo entre montículos de saudade e rochas de insónia, uma luz alimenta este corpo, um espelho alimenta a luz que alimenta este corpo, um corpo... não é um corpo, um corpo vazio, solidificado, um corpo voando sobre a montanha da solidão,

Vens à janela, abres-te e sentes o vento em ti,

Um corpo inocente coberto pela espuma volátil do incenso, um corpo de água, só, um corpo cintilante, um corpo

Ausente?

Dorido, que não sente o corpo em corpo das flores...

Um corpo estaticamente só, um corpo submerso nas sílabas do desejo, um corpo entre montículos de saudade e rochas de insónia, um corpo poisado sobre o peito de um homem...

A imagem emagrece o corpo, a luz que alimenta este corpo, é alimentada por um outro corpo,

E o espelho depois de ser corpo.

Imagem, flutua sobre as vértebras do cansaço, e és transparente como as noites vestidas de negro, e és desejada como os pilares de areia das madrugadas em delírio, despes-te e olhas-te no espelho

(alimento a luz que alimenta o corpo)

O teu,

Quero ser um pedaço de montanha, ou um veleiro agasalhado de lareira acesa, caminhar junto a um rio com dentes em marfim, um corpo belo, desejável, um corpo em decomposição, a parte física sobre a mesa-de-cabeceira e a parte invisível dentro de mim, dentro da trovoada, das nuvens envergonhadas quando a luz ejacula sobre o abajur da tristeza e eu

O teu corpo é teu?

(alimentado pela luz que alimenta o corpo)

Desculpem... morri,

Um corpo de água, só, um corpo cintilante, um corpo

Ausente?

Quero ser o vestíbulo que habita no teu quarto secreto, a cabeça onde poisa o ombro, também ele... secreto, todo o corpo teu não existe, nunca apareceu à janela do meu castelo, o teu corpo é um embuste, falsificado, o ilustre Doutor das clarabóias domésticas que a tua mão abraça,

Quero o ser como são as palavras antes de escritas, aquelas que são pensadas e que por

Vergonha?

Pudor?

Um corpo belo esconde-se no interior de um cobertor, invento marés e mesmo assim

Não o consigo, não sou capaz que te dispas e fiques só corpo, só

Pudor?

Vergonha das palavras que tenho medo de escrever, vergonha dos beijos que tenho medo de desenhar na parede dos teus seios, o teu corpo, meandro sabático das sandálias em couro, os calções parecem perdizes brincando nos patamares no coração do Douro,

Vamos jantar?

Comer o teu corpo, ele, apenas ele... dentro do prato cerâmico, outrora em alumínio, hoje mendigo, o espelho que alimenta a luz ou a luz que alimenta o teu corpo, e uma corda feliz saltita nas mãos de uma criança...

 

(ficção – não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 7 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:17

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