Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

15
Nov 13

foto de : A&M ART and Photos

 

sinto-me pincelado com pedaços de solidão

e do meu corpo-tela uma fina imagem encosta-se aos filamentos incandescentes de uma lâmpada de halogéneo

não sou eterno

amado

sou um electrão mergulhado no espelho do nada

sifilítico magala apodrecido na doce paixão das árvores do silêncio

sinto-me uma locomotiva denunciando carris e curvas de nível

sinto-me um bufo engolindo sombras que a noite magoa depois do sexo alimentar a tua boca de sofrimento que as rosas poisaram em ti entes de acordar a poesia

sinto-me um vadio inconfortável

ignorante como pequenas conversas de tic-tac

nos alicerces das mãos de cereja que o papel amarrotado embrulha entes da morte

sinto-me um cadáver profanado

mal-vestido

sinto-me um jardim sem nome procurando as estrelas de cartão

sinto-me um barco fundeado no teu púbis de areia

quando os petroleiros da desgraça se fazem à costa pedinchando pequenas folhas de plátano

embebidas em cerveja de lata

sinto-me sobre ti ficticiamente falando como quando éramos dois bancos de jardim

em busca de ripas em madeira

e madeixas coloridas dos triângulos embriagados

sinto-me um falhado diplomado

um triste vagabundo sentado

nas tuas coxas de orvalho...

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 15 de Novembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:01

foto de: A&M ART and Photos

 

porque são os teu olhos margaridas amanhecer

e escondes nas pálpebras a palavras de escrever?

um poeta louco não ama não é amado

não percebe que as madrugadas são em papel crepe

e que há livros de poesia perdidos numa mesa-de-cabeceira

há uma cama onde te despes e deitas

há uma mão que te acaricia e deseja travestis orgasmos invisíveis

a miséria urbana

o sexo pelo sexo

a mente desvairada numa feira inventada

porque são

os teus olhos olhos margaridas amanhecer?

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 15 de Novembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:35

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